Quando você vira um vampiro, sua vida
se transforma em uma corrida contra mim. Um vampiro não tem nada a ver com uma
pessoa, como gostam de florear os romances. Aquilo são escritores que gostariam
de ter poderes sobrenaturais de qualquer tipo desabafando sobre uma folha de
papel. Vampiros são humanos que perderam a capacidade de interagir socialmente,
por se tornarem sedentos de sangue, por desenvolverem características físicas
particulares. Não podem se reproduzir, não podem andar sob a luz do sol, não
suportam luz muito forte e nem o calor, muito menos que mortais. Por isso,
habitam lugares de clima frio e costumam caçar em locais onde são dificilmente
rastreados e aprisionados.
Não
são animais, não se tornam selvagens, mas são conscientes de sua condição, por
isso procuram a discrição, o isolamento, as sombras. Tornam-se caçadores de
humanos, estudam seus movimentos, desenvolvem estratégias, associam-se a
traficantes, passam tempos se alimentando de bicho de sangue quente. Eles são
os inimigos do povo, os que podem e devem ser mortos em qualquer situação, sem
qualquer prestação de contas. São considerados usurpadores da vida, por isso
sua morte é um ato de contribuição ao progresso da humanidade. O indivíduo que
entrega o refúgio de um deles às autoridades recebe, imediatamente, uma
recompensa de dois mil.
Esta
estória vai contar minha experiência em São Joaquim, nas terras geladas da
Serra do Mar, em Santa Catarina, quando fui trabalhar em um caso muito bizarro
que aterrorizava a população: os fazendeiros e plantadores locais reclamavam constantemente
do desaparecimento de animais, até que pessoas começaram a sumir e, como gota
d'água, encontraram o cadáver de um menino. Aceitei de prontidão, primeiro,
porque sempre quis passar um frio abominável, coisa que em toda minha vida
havia evitado. Em segundo lugar, aceitei o caso, porque o menino foi encontrado
pendurado pelos pés, em uma árvore, com todo o sangue drenado pela carótida.
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