Pesquisar este blog

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Ferida Aberta

a cabeça tá na mira da pistola
ah, meu deus, não aguento mais com isso
tem tanta confusão do lado de fora
que parece um aquário onde eu vivo
vem descendo vagabundo de motoca
pra passar um batalhão de assassino
tem mãe sabendo que o filho não volta
já foi desovado lá no fundo do campinho
pra dormir a gente pede proteção
de manhã tem que rezar outro bocado
na vida eu vou atrás do que é bom
porque de ruim o que é meu já tá guardado
herança de um pai sem compromisso
que logo no início fez questão de dar o tom
a gente um dia ainda vai ser muito amigo
mas agora teu caminho é minha contramão
sou eu e mais ninguém correndo lado a lado
o vazio no abraço é que dá força ao grito
sou cão e gato a cada passo e rataria esculacho
minto faço pouco caso choro escondido
herança de uma mãe abandonada
que finge dormir pra chorar longe do filho
a gente um dia vai ser feliz mulher
é só acreditar nas coisas que te digo
não quero andar tranquilamente na favela onde nasci
nem me orgulhar de que o pobre tem um canto pra ser
quero viver onde é bom e aproveitar as regalias da vida
porque eu mereço ter tudo do melhor assim como você

sexta-feira, 10 de junho de 2016

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Hasta, Di Stefano


                                                                                 †

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Notícias do Brasil - O Carioque

Queria dizer que o amarelo vivo da tua bandeira
é um ouro maciço brilhando o caminho no escuro
mas é somente o medo tingindo a pele do povo
que adora sair em bloco pra comemorar carnaval

o azul se refletisse a paz de espírito dos cidadãos
seria a mais bela cor da flâmula hasteada no peito
mas é a expressão duma tristeza crônica profunda
enraizada nos gestos cansados das muitas estrelas

assim como o verde não tem nada com esperança
mas com o valor que a terra tem para os negócios
corre para as veias abertas deste grande território
a tinta cor de sangue que nos deixa mais próximos

o arco-íris tupiniquim se faz dos gritos no espírito
da gente emudecida & incolor.

                                                                                                              - Pra dar bandeira

            O problema da Copa não é o evento em si, mas a maneira com que é planejado e executado. Logo, o problema não, tampouco, a seleção brasileira. É um pouco ingênuo pensar que as pessoas que estão protestando contra o evento são pessoas que não gostam do esporte ou, pior ainda, que não gostam de festa e do país. Quem dera este fosse o problema, uma questão de gosto. Não. O problema da Copa é um problema de direitos humanos sendo violados, como sempre foram, em nome de uma elite financeira sedenta por lucro. E como isso pode ser notado?
           
Como disse Vickery, jornalista da ESPN, uma das grandes frustrações do povo foi perceber que nenhum dos mais de 13 bilhões investidos na Copa do Mundo se transformaria em infraestrutura, mas exclusivamente serviria para erguer estádios e pequenas reformas estéticas para a cidade. A manutenção do patrimônio público está tão jogada às traças, que esta semana, no dia 3 de julho, um viaduto caiu na cidade de Belo Horizonte e fez, pelo menos, duas vítimas e dezenove feridos (fonte — notícia do UOL). Por que gastar dinheiro contratando engenheiros para fazer vistorias, quando você pode simplesmente ignorar esse tipo de coisa e dar uma grande festa? Principalmente, se esta festa vai movimentar rios de dinheiro (como a venda ilegal de ingressos, onde se descobriu o envolvimento do líder da quadrilha com funcionário da FIFA — notícia do Estadão).  
           
No Brasil, faz muito tempo se fala de mudar as leis do trabalho e melhorar as condições de emprego, mais que na falta dele. A FIFA vem e se fala em geração de 713 mil postos de trabalho, entre temporários e fixos. Que trabalhos são esses? A estimativa vai se cumprir? Quantos dos que se imagina serem postos de trabalho fixo se tornarão temporários? Se se fala em elefantes brancos para os estádios, não se está falando também dele em relação à mão de obra nele e no seu entorno? Como será em Manaus? Que iniciativa privada fará uso do estádio, de modo que ele se mantenha por doze meses do ano? O Global Post relata que haverá uma manutenção anual que custará 10% do preço total investido. Isso quer dizer que o custo total de um estádio vai dobrar em 10 anos. Quem vai sentar nesta jaca?
           
            Podemos ficar por aqui durante páginas falando sobre as desapropriações de moradores de áreas que são interessantes para o mercado imobiliário, ignorando completamente as leis e o Ministério Público, mas não precisa tanto. Desde a Roma antiga que se pratica a desapropriação em casos que se julga para o benefício público. Quem são os beneficiados com estes movimentos, senão os estrangeiros que estão comprando propriedades, os brasileiros que as estão vendendo e o estado, que recebe sua parte em impostos? O que as pessoas que estão sendo removidas de lugares que ocupam há décadas estão ganhando com isso? Suas vidas, de repente, tem que mudar totalmente de lugar. Emprego, rotina, compromissos, família, referências cotidianas, tudo tem que mudar drasticamente, a fim de saciar a vontade inesgotável dos afortunados. Eles são contribuintes. Que tipo de retorno é este? Que pátria é esta, que age como um padrasto insensível e negligente? Um exemplo deste fato ocorreu em Maringá, no Paraná, como publicou o site odiario.com, quando o MP apontou irregularidades na desapropriação de terrenos particulares. A ONU chegou a fazer uma crítica às desapropriações, como publicou o jornal O Globo, bem como a BBC, que fez uma matéria sobre as indenizações que ainda não foram pagas aos desapropriados em Pernambuco.

            Prostituição infantil, tráfico de mulheres, inflação, carência de serviços públicos, carência de qualidade e falta controle de preços nos serviços privados, carência de uma indústria nacional, o que mantém o país como provedor de matéria-prima, sob a justificativa idiota de que não existe mão-de-obra especializada (se você não investe educação, não pode haver, mesmo). Estes e mais alguns outros aspectos não parecem ser suficientes para conter a necessidade de diversão de locais e turistas. Todas as desculpas do mundo surgem para justificar a festa, desde o clássico “jogo é jogo, política é política”, até o mais novo argumento na praça, o de que “a Copa é uma oportunidade de crescimento para o país”, coisa que não se percebeu em qualquer outro lugar que a FIFA passou com sua caravana. Claro que não se quer dizer que a competição inventou todos estes problemas no Brasil, porque isso seria de uma idiotice atroz. Mas pense comigo, se você descobre que existe um buraco, vai deixar seu filho correr para dentro dele? Não. Se fizerem uma festa ao redor do buraco, a fim de ganhar dinheiro com a excitação de estar na borda, com a escuridão, com o entretenimento no buraco, você vai mudar de ideia? É o buraco, ele está lá, antes de festa, que tal taparmos e deixarmos tudo aplainado?


            O direito de festejar é todos. Ninguém quer o fim da alegria, ao contrário, todos querem que esta alegria seja suficiente para caber na vida de todo brasileiro, sem exceção, de norte a sul. Os estádios estão vazios, não têm mais a alegria das multidões de torcedores que enchiam as arquibancadas, as bandeiras, os instrumentos e mistura de classes, já que os ingressos custavam um preço muito mais acessível. Claro que não se espera que uma Copa do Mundo custe o mesmo que um Campeonato Carioca, mas o valor cobrado superou qualquer expectativa, como tem sido desde a reforma dos principais estádios do país. Uma ida ao Maracanã deixou de ser uma experiência de todo carioca e se tornou a exclusiva forma de entretenimento das classes A e B, onde um refresco de mate e um biscoito de polvilho custam mais que o sonho de centenas de pessoas que agora precisam economizar ainda mais pra fazer algo que costumavam fazer e, de repente, tornou-se inviável. Que tal fazer a festa depois? Que tal fazer a festa com tudo garantido para que todos tenham sua fatia do bolo? Que tal não cair nessa de que a gente tinha que ter protestado antes e que agora temos é que ficar quieto? Faça festa, se você quiser, mas saiba que a realidade não dorme e nem tira férias. Ela continua nos seus calcanhares. 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Mentiras de Adriana Calcanhotto




sexta-feira, 9 de maio de 2014

Go Govinda! - Não, pera...




flanei e fruí o fruto da flâmula