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terça-feira, 24 de novembro de 2009

a queda

Todas as sentenças perderam o encanto. Não sei o que se passa. Olho a palavra, ela tem força, ela quer vir à tona, mas a associação mata. Qualquer verso é uma perda de tempo.
Acho que começo a perder a batalha. Não sei, parece que não há suficiência. O conhecimento daquilo que basta pra tornar o instante alguma coisa especial. Não quero crer em determinações, homens santos, gênios, pessoas tocadas por uma centelha divina, mas o gesto está vazio e eu não sei chegar lá.

Se eu desistir, vou te visitar antes e vamos rir como se amanhã fosse mais uma segunda.

sábado, 21 de novembro de 2009

três coisas de uma sexta só

1) Vi uma americana, num dos canais da tv a cabo, falar que "eles precisam vencer no Afeganistão, ou então os terroristas vencem", e provavelmente acabam se espalhando como um vírus.

Olha, não sei se esses americanos são retardados o suficiente pra comprar essa palhaçada de terrorismo, de missão civilizadora americana, de salvação do planeta, mas eu não compro. Vai tomar no cu, Sarah Palin, ninguém precisa que seu país resolva porra nenhuma. Esses desgraçados reclamam a própria soberania o tempo todo, num patriotismo exagerado que dá nojo, e a primeira coisa que fazem é invadir outros países com a desculpa de que não podem deixar que o mal se espalhe e bla bla bla.

Só me irrita o discurso hipócrita. Digam de uma vez que tem armas, mídia e material humano pra dominar e pronto! Mas ai o jogo ficaria sem graça, não é?

2)Maria Antonieta é o pior filme de época que já vi na vida, provavelmente. Kirsten Dunst é forçada, relaxada e muito, mas muito pouco expressiva. Parece uma viciada em diazepam e vodka que foi gravar chapadaça. Como é que alguém faz um filme de época, sobre a realeza austríaca e francesa, com uma atrizinha que diz, ao olhar um sapato ou algo assim, tão americanamente quanto possível "OH, THESE ARE SO DUBARRY!". Porra, parece a Hannah Montana falando. Vão se fuder, seus produtores e atores de MERDA!

3)Mais uma americanagem formidável: DINHEIRO COM POLITICAS DE PAZ. É tão lindo como eles entram no Iraque e destroçam pessoas como galeto, como é falado em vários filmes e reportagens, mas por outro lado eles também alimentam as campanhas por paz e amor, falando em Woodstock sempre que podem, promovendo filmes e seriados, além de músicos e bandas. Quer um exemplo de como ganhar dinheiro sendo bonzinho? Então, e a prova de reforço é que você pode começar politicamente correto e depois chutar o balde! Foda-se, ninguém presta atenção mesmo. As pessoas vivem como se colocassem morfina no pão.

BLACK EYED PEAS. Conhecem a banda? Então, deem uma olhada na música Where is the love, terceira estrofe pós-refrão, e depois deem uma olhada na música I got a feeling, tirem suas próprias conclusões.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Acompanhando a MTv direto

Claro que a gente só pode meter o pau, descer a lenha e escandalizar os cancros se tiver no meio, senão é tudo devaneio. Então, lá se vai o registro pessoal de pelo menos meia hora de MTv. Sim, eu sei que posso ficar retardado. Sim, eu sei que os danos podem ser permanentes. Não, eu não tenho medo.

ACESSO MTv

Caralho, que gente estranha. Eles falam cantando, não só a gaúcha, como se fossem um derivado meio histérico. Esse tom fake de apresentador já deu no saco, a MTv não se toca. Comentário do Leo Madeira: síndrome do salvador? Messiânico? Que esse cara tá dizendo? Nada a ver os comentários sobre o Perry Farrell. Podia ter comentado da vitalidade, da musicalidade bizarra da voz dele, que não é redonda com a melodia, ao contrário, desafia o melódico na careta. Falam muito sobre detalhes que qualquer pessoa pode observar, não existe considerações musicais, não existe comentário relevante além de "eu acho isso", "eu me diverti", não existe porquês, não se dão esse desafio. Estão escondidos pelo formato e só precisam de ânimo diante da câmera.

U2 cantando Sunday blood sunday. Uau. How new! How fresh! Puta que pariu, e pensar que essa gente recebe bem pra fazer um programinha merda desses. A música acontecendo no mundo de várias maneiras e os cretinos passando Sunday blood sunday do U2. Tá certo, se essa cultura não for constantemente reafirmada ela se dilui. Ah, Jay Z e Bono? Hahahahahaha. Cantem Bob Marley, todos, cantem pelos seus direitos, voltem pra casa, tomem banho, contem aos amigos sobre como foi lindo aquele momento em que viveram e cantaram juntos Bob Marley, e continuem os mesmos. Salve o EMA.

Lady Gaga e Beyonce. Claro, porque como na literatura, é preciso aglutinar toda essa galera numa época, com referências de passado tradicional, senão perde o peso e a importância. To ouvindo a música da Lady Gaga aqui, é simplesmente igualzinho a uma porrada de coisa que eu já ouvi por aí: Hilary Duff,Christina Aguilera, Anastacia, Kelly Clarkson, Gwen Stefani, Britney Spears. Esse clipe Paparazzi combina a cultura do "menina vingativa" (já explorada pela Lilly Allen, recentemente) com imagens que me recordam clipe da Gwen Stefani. E por que tudo isso? Porque não estão ali pela música, mas pelo ícone atrás da música e tudo que ele significa.

É por isso que a Rihanna tá agora falando da vida pessoal dela. E daí que ela apanhou do namorado? Resolva isso com a polícia. E a música? Por que as músicas são tão óbvias? Por que as danças são sempre as mesmas, bastando um único clipe bem feito pra sintetizar essa coreografia simplória e viciada? Que porcaria de clipe e de música, na boa. A mesma merda que se pode esperar se você olha pra essa estória contínua da música pop.

Entrevista com o cara que é fanático pelos Beatles. Informações dadas:

- ele conheceu os 4 pessoalmente
- John Lennon queria contatar os Beatles, dois meses antes de morrer
- a reação do fã entrevistado à morte do Lennon
- o Paul cantou pra filha dele
- um artefato exibido e o atestado de que onze anos depois, Paul lembrava da filha dele
- ele mantém contato via e-mail com o Paul

E vocês se perguntam, como eu, e a música dos Beatles? E sobre o trabalho solo do Paul, sobre o Wings, sobre as parcerias, o Rockestra... TIDÊ? TIDÊ? A única coisa que o cara falou, sobre música, foi: "a gente vê o cara lá fazendo os acordes". UAU! COMO ALGUEM VAI AO SHOW DO PAUL E NAO FALA SOBRE OS SHOWS, SÓ SOBRE OS MOMENTOS EM CAMARIM? Pelo amor de deus, né. Que programinha mais mixuruca.

E Massacration, que é o símbolo do trabalho feito pela MTv: mímesis paródica.

Na boa, uma dessas, de novo, só daqui a um tempo, senão mata o velho.

sábado, 7 de novembro de 2009

aniquilha

Ilha. Ininterrupta hulha. De repente, choque: pequenas minhocas elétricas dançam despertas no couro do homem, dormente ainda dos cansaços de sempre. Fagulha. Consciência do preto. Ouvir encostado à parede escura os primeiros sonidos do tempo. Metais em tilinte anunciando violentas vozes em comemoração. Bruxas! Mais uma libertação, espiralando o vôo no espaço três por quatro de céu a que temos direito. Família. Insígnia bruta do outro que vibra, grita, brita paredes auditivas, transcende o impedimento devassando a noite ainda do lado de cá. Um copo parado no batente parece bom o bastante pra pousar por lá. Abro os olhos, vejo o corpo: minha vida é um desejo de me lançar que estronda no parapeito; debruçado no quase impacto, no quase caco, em fragmentos que estão loucos pra se abandonar.


foge o rito.
às dez, um pássaro só grita.
o sono vai na barra da banda que passa.
fico.

uma gota corre a testa.
duas gotas agora.
o dia abrasivo gesta meu corpo
- da fossa ao forno
no inferno do figurado
acorda o mundo ficto

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Manguepeople no Circo da Lama e do Caos

Showzones da Zombie Nation brasileira no Circo Voador: todo mundo dançando caoticamente em meio a pingarada incessante, perrengues de verão. No mais, os caras tão ajeitados, o guitarrista e o baixista se garantem nos efeitos, nos timbres. A psicodelia em alguns momentos é bastante envolvente, você se solta e de repente tá espalhado pelo lugar, vibrando junto com o gravão do baixo.



Tô só o pó, a lama já saiu, e agora pressinto que ao dormir acordarei cerca de doze horas depois, sentindo as pernas até no pensamento.

a cidade não para
a cidade só cresce
o de cima sobe
e o de baixo desce


Não fui ver o Faith No More.
Não me arrependo.
Que merda.

E agora? Monografia. Cristina & Bandeira. Bunda na cadeira, cabeça na obra. Quanta demora pra fazer essa parada. Capotei.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

madrugadentro

prestes a sair o sol
quase me despeço, já despido.

são os momentos mais intensos da madrugada, quase sempre. você decide que vai se entregar, tudo ficava muito vivo e é nesse momento que se pode perder. o detalhe fagulha e de repente acende o pavio. há que se manter a névoa voando sobre os pensamentos, nevoeiro vivo que traz o desencanto da quase vida.

amanhã, quando acordar
se tiver sorte
começo de novo a minha morte

e como é que confio?
nem Ariadne me dá corda.

tá de brimks.