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terça-feira, 12 de junho de 2012

Greve: uma ferramenta sem uso


        Antes de qualquer coisa: a Greve é válida, sim, como instrumento de transformação. Eu jamais desdirei isso. O que quero deixar claro é que o jeito que ela acontece faz com que seja um fracasso desde o início. Não estou só falando da postura de muitos funcionários em greve, que não são estes professores, mas outros, da época em que trabalhava no centro. Não lembro quem eram, mas lembro que eram funcionários públicos. Tinham uma mesa com bolo, doces e frios, televisão na calçada, cadeiras de praia, risadas, brincadeiras. E se diziam protestantes. Mas o pior é que não é só isso. Não é apenas uma questão de postura, mas de esfera de atuação.


O joguinho das greves ajuda a preencher a literatura do faz de conta




        O território brasileiro foi ocupado por uma elite estrangeira, que dominou os nativos e se aproveitou da terra. Estas pessoas deram ao país gerações que ocuparam o lugar de seus ancestrais, o do poder. O povo foi constituído de bandidos, falidos, sonhadores, excomungados, perseguidos, escravos alforriados, remanescentes dos nativos, etc. Ou seja, o povo sempre foi um aglomerado de minorias nas mãos de uma outra, a dos ricos legisladores. A democracia é uma ilusão que estes caras criaram pra que os homens possam se alimentar de demagogia, de falsidade, de esperança.


        A greve não é diferente. Ela é, em teoria, transformadora, mas em prática não passa de um gesto telegrafado, como diríamos no bom jargão do futebol. Já se sabe como começa, o ínterim e seu fim. Isso quer dizer que não devemos fazer greve? Isso quer dizer que, em uma sociedade majoritariamente justa, com casos de injustiça, a greve é uma solução que força o pequeno foco a ceder e restaura o equilíbrio. Em uma sociedade fundamentalmente corrupta, com os três poderes maculados pela ganância e pela negligência ao povo que representam, a greve é um espetáculo tragicômico barato. Infelizmente.

       
       Uma paralisação perfeita, eficiente, coloca a malha política em cheque: age organizada e discretamente, pra que o gesto seja impactante e suficientemente expressivo pra fazer valer as revindicações. O que acontece é totalmente o oposto e todas as cessões por parte da elite política são apenas um cala-boca e, de longe, soluciona o real problema da educação: uma reforma educacional que vise a formar cidadãos críticos e capazes de construir, conjuntamente, uma nação forte e heterogênea. 


       É preciso que os protestantes parem de fazer o mesmo joguinho e comecem a formular novas maneiras de forçar o Estado a perceber sua falta de responsabilidade perante o povo. Ou então, ficaremos eternamente ocupando ruas, fazendo passeata, levantando cartazes, produzindo fotos que estampam artigos na internet e nada mais fazem do que isso. É a vitória dos empresários brasileiros sobre o povão, que acha que está abafando, quando, em verdade, tá fazendo showzinho privé pra magnata.

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