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terça-feira, 19 de junho de 2012

Contato Escravo Número 113

Noises of a bad radio transmition could be heard.

- Câmbio. Aqui é Ive Brussel. Repetindo, Ive Brussel. Me don't speak English. Record. Translate. Câmbio.

Those were the few English words ever spoken.

- Câmbio. Sou brasileira, vivo no Rio de Janeiro, no bairro da Glória. Preciso fazer uma denúncia urgente, porque as coisas aqui estão ficando horríveis. Os estados de carência são diversos. Precisamos de ajuda urgente, ou vamos continuar sob o julgo do nosso Senhor, o Estado, representado pelos empresários e políticos que fazem o intermédio das negociações estrangeiras e vivem de grandes comissões. Somos escravizados, como sempre fomos, a diferença é que agora temos mais regalias. A estrutura nunca foi quebrada. Ainda existe uma pequena parte da população se beneficiando sobre a exploração de centenas e centenas de outras, que são iludidas a respeito de uma democracia folclórica. Câmbio.

It was pretty difficult to understand what that woman was saying, but he was son of brazilians. He was there, trying his new toy and suddenly she was speaking about that country, those people and their problems. What was he supposed to do? Listen to it, he thought, at least was something he could do fine. What about talking to her? What if he could speak a little bit? What would be the words? He was trying to think of something to say, but she spoke again.

- Câmbio. Pagamos fortunas em impostos, mas eles simplesmente não investem. Muito é desviado pra atender necessidades pessoais, contas fora do país, investimentos em imóveis, negócios, pessoas. Nossos médicos estão abandonados, nosso serviço público é um lixo e o Estado é totalmente conivente com a superexploração. As pessoas morrem em corredores de hospitais abandonados e sem remédio. Os idosos não conseguem se aposentar. Os pequenos empresários são massacrados com a concorrência estrangeira e vivem de pequenos grupos de fieis. Estão roubando nossas vidas a troco de migalhas, do que cai em desuso na cultura superior e vem pra cá como farelo. Nos refastelamos com o que sobra da experiência de primeiro mundo, construída com o suor de incontáveis operários. Câmbio.

She was denouncing her own country as a machine of slavery and all sort of unscrupulous behavior. It was pretty serious. He always heard that in South America, things were very difficult to manage, but he never thought of something that bad. He held the speaker close to his mouth and pressed the button.

- Cambio. Diga más. Cambio.

He thought he wasn't heard at all and was about to give up, when she spoke.

- Você não faz ideia do quanto estou feliz.

And he smiled and took his pen.




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