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terça-feira, 22 de abril de 2014

Contemplando industriais, Said fininho

O oriente nunca esteve tão longe da gente
O oriente nunca esteve tão ausente hoje
Acidentalmente ocidentais queremos mais

"curry bastante e nunca cheguei
mas você wasabi disso, meu bem
você quer temaki é o contrário
mas é sabido que a vida é tandori
só o tempurá curar essas feridas"

o oriente cabe num biscoito da sorte
num papelzinho enrolado com jeito
nas palavras de um sujeito que encolhe
o tempo o chão e os espelhos

O oriente nunca esteve tão distante de Dante

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Estupidez na Cidade Maravilhosa - um top 10

Se você pensa que este top 10 é exclusivo do Rio de Janeiro, você faz parte do Top 10 estupidez no mundo. Obviamente, que o comportamento apresentado aqui não é exclusivo do povo fluminense, mas encontra par em diversos outros lugares do planeta. Acontece que me é impossível falar sobre o que não conheço e nem me agradaria tentar. Portanto, os comentários aqui se referem à minha experiência na cidade, mas, de maneira alguma, são fatos restritos a um povo ou cultura. Pense fora da caixa.

1. Bloquear a saída do vagão do metrô

Não sei o que estimula o carioca a seguir nesta condição bestial de usuários toscos do metrô. As pessoas já foram informadas, mas insistem em parar diante da porta. Qual o problema? O problema é que as pessoas que estão dentro, não conseguem sair. São obrigadas a lutar contra uma massa que só tem um único interesse: arrumar um lugar pra sentar. Entram como uma manada que estoura e passa por cima de qualquer obstáculo. Por sua vez, quando são os que estão dentro que param diante da porta, são os que estão fora que não conseguem entrar, a menos que forcem seu caminho com empurrões e dá licenças. Ainda que as portas estejam repletas de avisos, as pessoas colocam as mãos sobre ela, param em sua frente, bloqueiam a entrada e fazem da vida cotidiana um mar de discussões e xingamentos. É triste e muito comum, que mulheres e homens discutam por conta de empurrões, pisões, cotoveladas. Dai-me paciência. 

2. Parar do lado esquerdo na escada rolante

Seguindo no caríssimo transporte público (se comparado ao salário do carioca), outro problema surge no dia-a-dia de muitas pessoas: o idiota que para do lado esquerdo da escada rolante e bloqueia a passagem de pessoas que precisam chegar às pressas em algum lugar. Nem todos podem, conseguem, são capazes de se locomover tranquilamente usando o metrô. Certos profissionais vivem constantes deslocamentos, como os professores particulares, os auxiliares de serviço, etc., o que os obriga a se deslocarem rapidamente, a fim de chegar no horário certo em seus compromissos. O lado esquerdo da escada rolante é destinado para pessoas que não vão ficar paradas na mesma, mas é difícil fazer com que o carioca queira participar disso. Parece que as pessoas andam distraídas demais consigo mesmas, o suficiente para não darem a menor importância para a condição do outro. É lamentável. 

3. Ficar embaixo da marquise com guarda-chuva

Se você já está protegido da chuva, por que precisa andar sob a marquise? Algumas pessoas não têm guarda-chuva, esqueceram, não importa, estão sem. Como elas vão se proteger da água? Usando as marquises que as pessoas de guarda-chuva também estão usando. É uma grande falta de consideração, por simplesmente estar acostumado a procurar abrigo. As pessoas parece que andam ensimesmadas, incapazes de perceber as necessidades do outro e participar de uma vida mais organizada. Organização não quer dizer só capricho, mas consideração. Quando você organiza a sociedade, você está demonstrando sua preocupação com a maneira que as pessoas vão conviver, com a qualidade da vida. Não faz o menor sentido que se ocupe um espaço desnecessariamente, privando pessoas desprovidas de abrigo de uma chance de se protegerem da chuva. Acorda, gente lerda!

4. Andar em corrente ocupando a calçada

Não basta ocupar um espaço, é preciso ocupá-lo tendo consideração pelos que estão ao redor. Grupos de amigas, amigos, familiares, colocam-se lado a lado e ocupam toda a extensão da calçada. Você quer passar, mas é impossível, porque além de ocupar toda a via, são eles que ditam o ritmo. A pessoa de uma ponta sequer escuta a que está na outra, fazendo com que aquela caminhada seja mesmo uma imposição do grupo sobre tantos outros que ali estão. Na boa, acho que tá na hora desta galera se tocar e começar a perceber que a via é pública e que não dá pra ficar dominando todo o espaço, como se aquilo fosse uma concessão particular e o resto das pessoas fossem apenas figurantes no reino dos ilustres transeuntes. 

5. Começar obras durante o horário de silêncio

Ninguém me contou. Eu fiquei durante semanas diante da construção de um edifício, cujos trabalhos se iniciavam às cinco da manhã, com a chegada dos caminhões, do material, do pessoal, que sem a menor consideração falava alto, ria, e claro, começava a se preparar pro trabalho pesado. Às seis, seis e meia, no máximo, começava o barulho insuportável e a obra era tocada com força máxima. Marretadas, vigas de metal, concreto, britadeiras, o diabo.  A lei do silêncio, no Rio de Janeiro, diz que às obras públicas é permitido começar o barulho às oito horas da manhã. Neste horário, a obra já estava há muito fazendo estardalhaços. Apesar de reclamações constantes, da vinda da polícia, da advertência, as obras persistiram e não cederam aos apelos de pessoas que diziam, claramente, que aquela conduta estava afetando a saúde de idosos e pessoas debilitadas. É incrível o tanto que a ganância pode ser o combustível pra qualquer patifaria.

Confira o regulamento aqui: http://extra.globo.com/noticias/rio/confira-integra-da-lei-do-silencio-para-municipio-do-rio-de-janeiro-291115.html   

6. Colocar música sem fone no transporte público

A necessidade de se expressar é totalmente compreensível, mas existe limite pra isso. De funkeiros de comunidade à ravers da Zona Sul, os celulares são pontos de evasão de privacidade. Os sujeitos colocam as músicas no volume alto e não querem nem saber se o indivíduo próximo está lendo um livro, o jornal ou simplesmente refletindo. Seu hábito tem de ser violentamente compartilhado, imposto. Não se trata de perceber o ônibus vazio e ir lá no fundo, ligar seu aparelho, seu rádio, o que for, de modo que as pessoas que estão lá na frente até ouvem um ruído ou outro, mas não podem se dizer verdadeiramente incomodadas. Não se trata disso, mas de estar próximo e devassar a paz alheia com uma vontade incontrolável de ser extremamente chato e egoísta. Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad acaba de sancionar uma lei que proíbe o uso de dispersores sonoros sem fone de ouvido. Você que é egoísta, agora, senta nessa jaca.

7. Pedir pra descer fora do ponto de ônibus

O que move tanta gente a querer o proibido? Conveniência. Claro que não falo de uma senhora com osteoporose pedindo pra descer próximo ao seu destino, em vez de no ponto, que é longe. Inclusive, acho louvável estas quebras de conduta, mas também sei que elas só podem existir se a população for educada para ter bom senso e saber que exceções só são legais quando se faz cumprir a regra. O motorista é obrigado a parar no ponto e, caso não o faça, pode ser multado. É voce que vai pagar a multa pra ele? Você acha que é a empresa de ônibus que se responsabiliza pelo pagamento da multa? É claro que não, espertalhão. É o próprio motorista que tem de arcar com a sua vontade incontrolável de economizar alguns passos até seu destino. Tome vergonha na cara. Não basta que o profissional viva extenuado, que viaje ao lado de um motor quente e barulhento, que enfrente um trânsito infernal, ainda tem que fazer as vontades de qualquer um que, de repente, quer descer mais perto de casa ou do trabalho? Um pouco de semancol faz bem a todo mundo. 

8. Buzinar por todo e qualquer motivo

Para quê? Eu não sei se as pessoas aqui sabem, mas deveriam: a buzina não é um instrumento de ataque, de guerra, de ameaça. A buzina serve para alertar outros motoristas e os pedestres a respeito do movimento que uma pessoa está fazendo com seu carro. Coerção não tem nada a ver com civilidade, mas com tirania. Se você está atrasado, dê um toquinho na buzina, indique na sua expressão facial que está com pressa, seja criativo, mas não me venha com essa de encher a mão e atormentar de barulho a vida das pessoas, porque isso só faz de você um cidadão despreparado para viver em sociedade. Provavelmente, seus nervos estão em frangalhos, já que você não consegue sequer ficar calmo em uma situação cotidiana. Toma um chá, antes de sair de casa, medite, ouça uma boa música e vá para o seu destino com ânimo. Ninguém merece que a sua falta de paciência seja convertida em poluição sonora. Lembre-se que você está no conforto de um veículo, enquanto tantos outros estão caminhando bastante pra se deslocar. Não custa ligar o considerômetro.

9. Caminhar em ziguezague pela rua

Se não estão em grupo, lado a lado, ocupando a extensão da calçada, você também pode achar alguns exemplares de carioca ziguezagueando pelas vias públicas. A menor distância entre um ponto e outro é uma reta, mas o cidadão desta cidade parece ignorar a necessidade de objetividade e a consideração pelo semelhante, já que vai costurando seu deslocamento pelas ruas, como se estivesse costurando alguma coisa. As pessoas que andam em linha reta são constantemente atravessadas, esbarradas, obrigadas a parar e mudar o próprio curso, por conta destes aprendizes de Carlinhos de Jesus, que não estão satisfeitos em andar e resolvem dançar por todos os lados. Isso aqui é a cidade do swing, tudo bem, mas não significa que a calçada seja a passarela do samba. Espera até fevereiro pra desfilar por aí, amigão, mas enquanto isso, vai respeitando quem está dividindo o espaço público e anda menos no mundo da lua.

10. Atrasar quase sempre pros compromissos

Marca registrada, não espere que um carioca chegue à tempo. Claro que existem exceções, mas elas existem em qualquer lugar e não seria proveitoso comentá-las, já que estão em conformidade com o que esperamos de uma pessoa consciente. Vamos falar da regra, então, e a maioria acaba, pelo menos, de dez minutos a meia hora de atraso. E não é apenas por causa do trânsito, porque antes do tráfego no Rio se tornar o caos que Eduardo Paes está capitaneando, já os indivíduos desta cidade apresentavam a mesma característica. Não sei se fica tudo para a última hora, não sei se aparecem problemas súbitos, mas sempre há uma desculpa para chegar um tanto fora de hora. Alguns mais disciplinados e sabedores da própria condição de sempre atrasados fazem algo que costuma mudar suas vidas: adiantam o relógio em dez minutos e acabam reduzindo bastante a margem de erro. Que tal aderir? 

AJUDATU

Resumidamente, quero realizar um projeto com profiles em vídeo-currículos, de modo que pessoas carentes possam contar sua história e dizer suas habilidades, suas experiências, capacidades. Assim, a ideia é estimular a reentrada dessas pessoas no mercado formal e informal. Para tanto, estou tentando descobrir como uma empresa pode se beneficiar contratando uma pessoa nestas condições, por exemplo, com abatimento no Imposto de Renda, pra que várias tenham esta iniciativa. Mas acho que vivemos um tempo de muita divulgação, de muita vontade de ajudar e acho que mesmo sem um incentivo fiscal, o gesto pode coroar e aumentar a estima da empresa para com seus clientes. Mas não só as empresas. Às vezes, você precisa pintar sua casa e precisa perguntar a alguém por um pintor. No site, você poderá pesquisar pela tag "pintor", olhar o profile da pessoa e entrar em contato para contratar seus serviços. É o necessitado sendo exposto como força de trabalho num país que não faz muita questão de lembrar dele.