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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Mentiras de Adriana Calcanhotto




sexta-feira, 9 de maio de 2014

Go Govinda! - Não, pera...




flanei e fruí o fruto da flâmula




quarta-feira, 7 de maio de 2014

A especialização da miséria - projetos casinhas recicladas pra mendigos

     Para realizar qualquer trabalho, o homem precisa gastar energia. A decisão a respeito do gasto de energia, consequentemente, do trabalho realizado, é uma decisão política. Mover-se é um decisão deste tipo. Quando você compra um produto, quando coloca dinheiro na poupança, quando vai ao Maracanã e come um biscoito e toma um mate gelado. Que delícia, né? Então, tudo isso é parte da sua postura política. Portanto, compreendamos que postura política é o conjunto de atitudes sociais, sejam elas relacionadas ao trabalho ou ao lazer, que o indivíduo toma diariamente, de forma consciente ou inconsciente. Férias em Cancún? Uma decisão política. Você paga funcionários, sustenta empresas, suas políticas de atuação e tudo que existe por trás delas (um nível que apenas posso imaginar), além dos bares, dos distribuidores locais, das empresas que trabalham no país visitado (que são, em grande parte, as mesmas). Você tem dezenas de opções e escolhe algumas. 

     Quando você resolve que vai fazer caridade, porque é o que é possível fazer... o que é que você está levando em conta? Seu trabalho, seu lazer, ou seja, sua situação dentro do status quo. Se você precisa dar conta disso tudo antes de ajudar uma pessoa, como é que sua ajuda  pode ser transformadora? Se você coloca tijolos todos os dias em seu muro, como é que pode dizer que o fato de dar limonada aos pedreiros é sinal de que você não gostaria que o muro não estivesse ali? O que demonstraria isso é uma ordem para que não mais construíssem o muro e, mais, que o destruíssem antes de partir, porque o fariam de forma calculada, já que são pedreiros e sabem o que estão fazendo. A caridade pode ser um gesto sublime, quando acontece em um contexto, mas em outro, pode significar a estagnação de uma classe inteira, o hábito seco de calar um incômodo que não se soluciona e não para de incomodar.

       Se você pode estudar a maneira de construir uma mini-casa para um desabrigado, por que não perdeu tempo estudando como é que ele poderia sair daquela situação? Não precisa muito, se você tem disposição para se reunir com a associação de moradores, com os comerciantes locais, com ONGs e outras instituições que auxiliam na reintegração do indivíduo à sociedade. Mas é mais fácil dar comida, dar cobertor e uma casinha de madeira E voltar pra casa pra viver a vida que corrobora as condições que impedem a progressão daquele indivíduo. É a versão moderna do "coloque-se no seu lugar". Construir uma casinha, sim, mas convidar pra ir desfrutar do conforto da sua casa, jamais, né? E por que é que teria de chegar neste nível de intimidade, não é? Por que é que um desabrigado mereceria dormir e comer sob um teto onde come um cara que trabalha e tem sucesso com isso? Pois é, enquanto seguirmos estes valores, qualquer caridade é mais um ato de conformação, que de amor.