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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Um retrato da sexualidade indiana

Desde que cheguei em Bangalore, percebi que as relaçoes sao bastante nitidas por aqui. As mulheres vivem um mundo completamente diferente dos homens. Sua postura é austera, reservada, quando nao completamente timida. Andam entre si, sentam proximas nos onibus, ocupando um espaço moral que a elas é reservado (alguns assentos depois sao os idosos e mais para tras ficam os homens). Por isso, voce nao vai ver nenhuma menina em Bangalore, ou aqui em Tamilnadu, trocando qualquer caricia com um garoto. Isto fica reservado para os amigos.

WHAT!?

 http://malariousmick.files.wordpress.com/2010/03/holding_hands.jpg

Nao, nao se trata de um casal de namorados, mas de um casal de amigos. Exatamente porque as meninas nao estao livres para interagir com o sexo oposto, esta interaçao acontece entre eles. Braço no ombro, maos dadas, mesmo brincadeiras de se agarrar, fazer cosquinha, deitar junto (no festival em Melmalyanur os caras estavam vendo filme dentro de uma loja, atras de um balcao, como se fossem um casal de namorados, abraçados e se tocando nos braços, barriga, colocando as pernas um por cima do outro).

Obviamente que a coisa nao para por ai, nao fica so na amizade, em todos os casos. Por exemplo, Melmalyanur foi o lugar onde mais vi transsexuais juntos. Sao eles as prostitutas do lugar, sao eles que andam rebolando (homens na India sao quem rebola e tem malicia, a indiana anda ereta e sem swing). Trocam olhares com os homens locais e voce rapidamente entende que a coisa nao fica na amizade pra todo mundo, como tambem esta bem obvio na leitura de uma boa ediçao do Kama Sutra, como a que eu arrumei por menos de vinte reais. As prostitutas, os homossexuais, a zoofilia, tudo isso ja foi praticado e devidamente observado pelos estudiosos.




Uma das pessoas que se opoe, abertamente, a este tipo de conduta que oprime e separa as indianas de uma vida sadia com os homens e com o mundo é a artista nascida no Sri Lanka, M.I.A. Diga-se de passagem, ela estara em uma exposiçao aqui no sudeste da India e, acredito, meu amigo David Bila e eu estaremos la pra arrancar algumas palavras desta pessoa que vem capitaneando uma luta heavy metal contra a injustiça (o Sri Lanka teve sua populaçao Tamil bombardeada, quando ja vivendo em acampamentos, pela simples capacidade de cometer genocidio).

Ah, quando falo de vida sadia, nao estou falando de uma vida de sexo facil, mas da oportunidade de compartilhar informaçoes, de viver uma realidade irmanada pelo interesse de progredir. Nao acho que esta relaçao seja menos saudavel que muita relaçao ocidental, mas com certeza a oportunidade de construir uma vida sem austeridades infrutiferas deve existir para todos os homens e mulheres deste mundo. Palavras podem ser desnecessarias, e na maioria das vezes sao, mas tambem podem construir pontes incriveis entre homens e mulheres.

Obviamente, nao sao todas as meninas que desejam mudar, mas pergunto, como seria possivel desejar aquilo que nao se conhece?

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