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quarta-feira, 28 de julho de 2010

senso comum

      Sem um senso comum, um princípio, não há sociedade. Não obstante, que é isso? Coisa feita? Matéria divina? Nada, o grande problema é justamente esse: o senso comum é uma construção do coletivo.
     Quando resolvemos nos juntar, sabe lá deus quando, criamos um sentido para isso. Nada acontece na vida do bicho homem que não lhe seja perceptível e interpretável, porque temos em nós essa capacidade de transformar os estímulos sensoriais em imagens, que recebem sentido por meio de uma série de fatores que constituem o indivíduo social.
      A linguagem nos permitiu uma comunicação única e pudemos produzir e legar conhecimento aos nossos filhos, criando a tradições. Só que os homens viviam em grupos, como os animais, e tinham suas diferenças. A civilidade nos trouxe pra perto, a superpopulação mundial, todos divididos em nações, comprimidos em cidades, às vezes famílias inteiras habitam um só andar, e estas diferenças são resolvidas pela diplomacia cotidiana, pelos traumas dos interditos e suas autoridades, pela propaganda, pelas tradições milenares, pelos valores, a diversão, as reflexões, até sua calcinha é uma maneira de te colocar mais igual a todo mundo.
     O bom senso será, portanto, talvez mais do que a água, a grande pedra preciosa do futuro. As pessoas são quase sempre tão previsíveis, parafraseando ícones, colocando suas vidinhas nas mãos de qualquer um pra ter uma série de prazeres pequenos e sucessivos. São uma forma de vida que se julga inteligente e, no entanto, rodam em círculos. Quando arruinada a prudência, e desandam a falar como se pudessem sumonar alguma grande entidade que lhes faça valer a palavra, aparece o câncer gerado pela falta de desconfiômetro no corpo. A metástase desce redonda e a galera nem se dilata. Fica todo mundo abraçadinho na mesma ideia, sorriem, um alívio, o rosto chega a cair um pouco.
     Às vezes, vou te falar, isso dá um pouco no saco...


por um centímetro e setenta e cinco
não nasceu o rei da babilônia
pelo cu de sua mãe
ninguém pensou em atirar na fossa
aquela criança que calada via
não lhe acharem parecida em nada
com um monte quente de bosta
e toda sua sabedoria vasta
não lhe serviu mais do que as águas
derramadas pelos olhos grelados
para garantir uma vida mansa e farta

Um comentário:

maiblup disse...

Cara, vc ia amar comunicação social! Sempre acabo lembrando do André. =/