Pesquisar este blog

segunda-feira, 12 de julho de 2010

risofarsa


Máscara, a mim muito cara, queda-se neste momento tão raro — a ruína. Chego a ter na boca o gosto amargo do contraste que faz o sucesso dos outros, e o seu próprio fracasso, como se um soco lhe pegasse de surpresa, quando virava a esquina para acender um cigarro: o golpe atirando o isqueiro para baixo dos carros a galope. Retiro a moldura do rosto e me arrasto até o espelho, quero ter a constatação do óbvio, quero sofrer o ataque do meu bom senso tão estrito, mesmo quando sou eu seu objeto crítico; na verdade, pior neste caso. Está diante dos meus olhos. Estou velho até os sonhos mais remotos, será os ossos que roí no almoço? Ou o tempo ocioso que pratico no trabalho? Talvez um complô do meu corpo, que é um templo, contra este estado de espírito vago, largado em meu colo, cabelos embaraçados nas mãos e um sono difícil. Vou no embalo evitando os sábados, domingos e feriados santos, esperando que a cortina abrace um único ato antes que descanse sem hora pra acordar — quero meu grito sufocado no único gesto ambíguo que o traço, engessado pelo vício, oferece ao povo descarnado: o riso.

Nenhum comentário: