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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Particípio ativo

Particípio ativo

feito pouco leva
uma vontade toda minha
colada ao corpo
cada dente carrego
por alfabetizar-lhe o bicho
imprimindo no pescoço
os meus braços constritos a
testa escorada no disco
enquanto reto
um marimbondo corrige as falhas a talhos

tem dores que são mais amores
que os maiores anos de nossas vidas
por isso a ferida não me espanta
por isso canto enquanto o sangue espirra
tingindo a pele de matizes
diluídas as cores no suor delira

feito muito passa
meu desejo de adrenalina
refaço as curvas à ponta do lápis:
dois riscos no papel esquadrinham calamidades
aditivado volitivo vê se segura essa malandragem

rasga o quadro a quadro
temos aí um fundo preto
abismo que se faz ignorável
pela dimensão que não compreende termo
surgindo de todos os cantos
por todos os lados desvendados
debaixo dos travesseiros
sobre nossos planos imediatos
feito refém futuro grita num sofrimento
do preto se vai ao vácuo

todo amanhã acaba em si mesma
como o dragão que morde o rabo

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