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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Dois num beco


Tenho um trecho aqui da mais pura verdade.
Está interessado em uma troca?
Tomou-me anos até que eu pudesse separar
todo aquele enxofre misturado.

Foi uma experiência muito estranha ao cabo,
quase me esqueço de como se fala,
já que nos espaços onde nasce a honestidade
existe apenas um monte de imagens.

Mergulhado em completo silêncio por todos
os lados que temos feito,
pedi licença e abri trilha com o dedo mindinho,
sentindo os espinhos de braços dados.

e roçavam secos, sarrando o saco,
o seio,
selando pactos de carne vermelha
sem pedir um gole do sono,
tomando o sangue com todo o jeito.

Tenho um trecho da mais pura verdade,
coisa rara de se encontrar nestas áreas.

Façamos depois o parto da minha dualidade,
pois tenho sede das tuas mentiras;
não estou diante de um palco para olhar apenas
as cortinas vermelhas com detalhes dourados,
nem mesmo me encolher sobre a cadeira,
quero a ilusão de que homens tem asas,
as mulheres fazem magia negra e os anões,
coitados, barbados e ranzinzas sobem às mesas,
falam gesticulando muito e em altos brados,
bebem até cair o sol e as suas calças aos pratos
ainda sujos.

Quer servir o joio gelado com gotas de limão.
Ofereço a ti um pedaço de honestidade,
no entanto, afirma querer fantasia, faz
festa à ideia de se comprazer do simulado.

O que está me oferecendo é carbono,
neste processo comunicativo.
Eu quero o diamante lapidado, a pedra
mais rígida e frágil do planeta,
com as almas de todos os antepassados
que morreram para defendê-lo
em cada uma das oito faces do cristal
que volta à luz suas facetas.

Falseador da verdade natural,
Amante das mentiras,
Arquiteto sem escrúpulos de cadafalsos escuros,
Desprezo tua feitiçaria, teu engenho amaneirado!

Tua tinta tem o toque do suco gástrico.

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