Borges diz, em seu Livro dos sonhos, que não há forma neste mundo que não possa encerrar o horror. Na verdade, acho que toda forma é um receptáculo vazio de significação à espera do homem, uma espera velada, uma espera que na verdade é já um preenchimento. O próprio conceito de forma é um preencher.
Injetamos o veneno, queremos que seja antídoto, a dose é um mistério do empirismo e a própria graça.
Meu vagão está vazio, as coisas passam rápido pela janela e ainda consigo ouvir a música que aos poucos vai sumindo. A trupe percorre a máquina, toca pra quem quiser, mas não pára, pula de carro em carro. Olho os trilhos e tenho pensamentos de morte. Quero ir atrás do espetáculo, lá a finitude dança e ri, embriaga-se de si e quando desfalece é pra ressurgir.
Tenho a solidão por companhia e sonho com melodias leves.
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