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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Pobre de espírito

Sincerely, this worshiping thing all over Chico Buarque is more than boring, it's a bad shit to teach our children: how to have an idol that just doesn't care. Come on, what kind of great artist does the same show for an entire century? It's the "João Gilberto" effect. Everything is just settled, why try hard? You can find a bench, grab the guitar and just sing like a fucking old man saying goodbye to all life around. But for long minutes.

He could find a man to do great sets, he could have a band to make the devil out of music, he could characterize his voice to create huge performances. But why? Why he and a lot of old and new artists would do that? Everything is already conquered. He just doesn't need to do more than breathe, because propaganda, Globo and stuff are well prepared to guarantee the worshiping even after his death.


I am not against the party time, not against joy and a calm life. But why try to sell me this shit like if it was needed to be served as a hospital meal? Man, it's...


"Artists have the right to be humble and the obligation to be vain."

- Karl Krauss

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Nunca perde essa mania!

O que é família? Segundo é constatável, trata-se de uma união harmoniosa entre seres da mesma espécie. Alguns dizem que foi deus que ungiu essa união, mas outros, como Levi-Strauss, afirmam que trata-se de uma união baseada no mais puro interesse. Veja bem, antes não tinha polícia, não tinha justiça, daí a coisa era na mão grande. O homem é forte, a mulher é resistente, os filhos cuidarão deles na velhice. É bem simples.

Família é laço de sangue? Mas se nem doador certo um parente é. Não consigo enxergar a família como sendo essa ligação fisiológica, mas uma condição social. A família é quem você escolhe pra fazer parte do seu projeto de vida, de amor. Pode ter o teu sangue, pode compartilhar o dele com você, na raça, na luta, nas maresias.

E falando em family...



E falando em family, "Ode to my family", desta banda que eu não suporto, é uma das boas músicas. A letra tem uma dramaticidade forte, que ela capta e expressa na voz contida, sem vibratos chatos, que costumam caracterizar certas melodias apelativas.

"It is not flesh and blood but the heart which makes us fathers and sons".  
- Johann Schiller

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Band on the run


Um Iago a todo instante, cuidado. Pois é, quando penso em Othello, penso na grandiosidade com que Shakespeare conseguiu tecer em palavras a carne tão nefasta do ciúme. Othello nem era mais o mesmo, ao fim, completamente fascinado pelas palavras e evidências de uma Circe viril e escamosa. O cara consegue fazer com que uma nova realidade se desenhe diante dos olhos do Mouro, que se entrega violentamente aos desígnios da honra. O corpo lutava contra, vê-se na grande interpretação que a personagem exige, graças ao poder dramático do autor. Othello é o palco onde se digladiam a sede por justiça e os apelos inequívocos do amor. Consumido pela loucura, filho obscuro da união de sentimentos irmãos, o guerreiro se lança ao encontro da morte de Desdêmona e da sua própria.

É preciso cultivar o desapego, sabe? Saber-se indivíduo, independente, solitário por natureza, já que é uma consciência única que anima um único corpo, sem chances conhecidas, até agora, de fazer tal experiência algo coletivo. Embora, ao que parece, LSD andou ajudando uma galera a sentir coisas próximas a isso. Enfim, de qualquer forma, acredito que são interpretações romantizadas de uma nebulosa química que explode no corpo e na mente. O fato é que você é um ser sozinho e deve respeitar a vida dos seres sozinhos que estão aí pra, se possível, construir uma experiência de coletividade. Essa experiência, no entanto, jamais deixa de ser uma união de seres sozinhos. Há que se lembrar disso, sempre. A individualidade é pra ser superada na convivência, que no seu mais alto grau, faz com que esta solidão inevitável se torne uma jornada maravilhosa. No entanto, há pessoas que fazem de tudo pra tornar esse caminho um inferno.

Isso me faz pensar em Paul McCartney.

Seja feliz fazendo alguém feliz. Esse é o grande desafio de viver.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011


Vivemos num país de autoridades corruptas. O noticiário toda hora nos conta sobre como alguém com poder usa e abusa de suas capacidades. Escândalos envolvendo dinheiro são os mais comuns, até o ponto em que se tornam culturais, parte do patrimônio nacional. Não estou falando apenas desta escrachada associação entre Ricardo Teixeira, Ronaldo Nazário e o Corinthians, mas de tudo que o futebol tem nos mostrado de podre durante tantos anos, Eurico Miranda, Cléber Leite e tantos outros parasitas.

Como é que ainda conseguimos torcer, mesmo sabendo que onde há dinheiro e fama, há corrupção? Como é que conseguimos matar nosso próprio semelhante a tiros ou facadas, enquanto os envolvidos nas falcatruas mais absurdas estão cada vez mais ricos e gordos? Como é que esses caras conseguem dormir, sabendo que estão envolvidos num esquema grosseiro de movimentação financeira e exploração da boa-fé das pessoas? Quantos títulos o meu, o seu, o nosso clube não tem aí, manchado por acordos, por falcatruas e mentiras?
Futebol não é muito diferente de religião. Vivemos a ilusão de um esporte, enquanto os atletas e cartolas vivem a realidade comercial. 

Se você ainda guarda a fé no desporto, acorde, isso só existe entre os amadores.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

maluco beleza


                Música, uma constante na vida deste ser contemporâneo que vos fala. Tem gente que  tem trilha sonora até pra fazer o churros, se bobear. Bom, estou eu ali, tranquilamente, ouvindo algumas canções, quando de repente o Sting começa a cantar "Every breath you take". Já viram a letra dessa parada? Cara, é o hino dos stalkers, dos obsessivos, da galera que já perdeu o bom senso pra completa adoração de uma figura humana.
               
             "Every breath you take, every move you make, every bond you break, every step you take", em todas essas situações, "I'll be watching you". E por aí vai, o cara vai descrevendo as situações em que ele estará lá, observando, até o verso definitivo: "oh, can't you see you belong to me?". Pois é, o cara não só é um perseguidor, como se acha dono, acredita ter a posse sobre o indivíduo. Ele delira, só vê o rosto dela, procura outras pessoas, mas está sempre a mesma lá.
                
                Uma outra característica bastante marcante da personalidade deste eu lírico é a autocrítica. "Now my poor heart aches, with every step you take". O "pobre coração dói" a "cada passo" que ela dá. Alguém tem dúvida que vai dar merda? E a faixa termina mais do que explícita, com a repetição, em fade away, das palavras, "I'll be watching you". Não tem pra onde correr, filhinha, foi mexer em casa de marimbondo, agora já era. "I'll be watching you".


                Por isso já dizia o poeta, "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", tipo assim, não é uma ordem, uma regra, uma imposição, é apenas como são as relações humanas. Tem que saber que dizer sim pra alguém pode ser mais que uma simples aventura, por isso é bom saber o terreno onde se está pisando. Quem não conhece vítimas de crimes passionais? Só esta semana ouvi umas quatro estórias.
                E "Love me or leave me", da Nina Simone, já deram uma sacada? Pura obsessão. Não, ela não quer ser feliz com outra pessoa. Ou o cara que ela ama fica com ela, ou ela não fica com mais ninguém, prefere ser sozinha que feliz com outro. "Love me or leave me and let me be lonely, you won't believe me, but I love you only. I rather be lonely than happy with somebody else". Pois é, tem isso também, ou o cara ama, ou vai sair fora, porque pra amigo ela não quer. Ou ama, ou a deixa em paz, o recado é bem direto.

                Uma das minhas preferidas, no quesito música de pirado, chama-se "Psycho". É um country que conta a estória de um jovem em uma conversa franca com sua mãe. "Can Mary fry some fish, mamma? I'm as hungry as can be. Oh, lord, how I wish, mamma, that you could keep the baby quiet, cos' my head is killing me". E a partir dessa pequena dor de cabeça, começam as confissões do rapaz. A mãe ouve a tudo sem nada dizer, o assassinato da ex-namorada e seu caso, o animalzinho de estimação, até o irmãozinho. E, ao fim da canção, ele nos deixa com a pergunta, mãe, por que você não se levanta?
               
                Jamais conseguiremos curar a loucura ou deter os impulsos dos homens e mulheres que virão por aí, no futuro, com motivações, visões de mundo, experiências particulares da realidade e os desejos. Viver é isso, é correr riscos, já que se divide a terra e as noites com outros, que não funcionam da mesma maneira. Existe algo melhor? Talvez, mas isso é papo pra outra conversa.

música de fundo: Talking Heads - Psycho Killer

                                                 "Fa Fa Fa Fa Fa Fa Fa Fa Fa Far Better"

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

um preto em Curitiba - 001



                Neste diário pigmentado, vou falar, agora, da primeira vez em que vi o encontro de dois veículos em um cruzamento: POW! Um encontro bombástico entre carro e moto. Eu, que nunca tinha visto nada do gênero, estaquei e me pus a olhar por vários minutos a cena, que ficou se repetindo na minha cabeça, em seu momento apoteótico. Olha, não estou dizendo que foi uma situação agradável, mas tudo tem seu ápice, seu momento mais intenso, certo? O desse encontro foi o corpo do motoqueiro descrevendo um arco perfeito no ar, digno do salto mais brilhante de Daiane dos Santos, e caindo sentado sobre o próprio veículo, já tombado no asfalto.
                Fragmentos de espelho, painel e pára-choque choveram ao redor. A frente do carro também perdeu seu aspecto indefectível. Uma porrada em cheio na lateral da moto, que por sorte não tinha uma perna plantada ali. É, parece que o cara tirou a perna antes do impacto, talvez, por isso, tenha voado tão alto, apoiado numa perna que ficou. Pessoas correndo até o local do acidente, o motorista saindo pra olhar a frente do carro e a vítima do impacto ali, sentado, com a expressão mais desolada que se pode conceber na cara, num momento como esse.
                O trânsito em Curitiba está completamente alterado pela Virada Cultura, que está acontecendo neste momento, enquanto escrevo. Pessoas indo e vindo por todas as ruas, em massa, neste dia de calor forte, que faz os sulistas desejarem violentamente o frio e a chuva, aos quais estão mais acostumados e dedicam grande parte de seu guarda-roupas. É visível o quanto o clima os deixa incomodados ou abatidos, insatisfeitos com a pele, salgada e úmida, cabelos, tudo aquilo cuja existência só torna mais quente o dia. Ao menos, esses corpos estão indo atrás de música, risadas, abraços e beijos, além de um geladíssimo gole de cerveja, neste grande palco que se tornou a capital paranaense.
                E agora, quando chega este post beira o final, dá pra acreditar que de um parágrafo a outro aconteceu toda uma revolução afro-descendente? Jair Rodrigues subiu no palco da Riachuelo e tocou o terror. Os clássicos do samba e da MPB, ali, na voz de um dos caras que representa com máximo respeito a voz e a cultura do brasileiro. Show energético, banda boa, baterista absurdo, galera animada e os amigos ao redor pra ter pra quem sorrir, pra ter de quem colher essa alegria fundamental pra vida. Só falta meus dois amores chegarem pra felicidade ficar incompletamente perfeita. Agora, a casa é só nossa. Minha cabeça já fervilha olhando esse pequeno espaço, pedindo peloamordedeus pra que alguém lhe dê alguma personalidade. É pra já, malandragem. Aguarde e confie.

música de fundo:  Djavan - Que foi my love

                                                      "quem sofre de véspera é peru"

terça-feira, 25 de outubro de 2011


     Uma criança sempre estimula nosso lado mais sensível. Como é que aqueles chineses simplesmente ignoravam a menina atropelada? Tudo bem, no Brasil as coisas não são muito diferentes, mas no caso de uma criança atropelada, por favor, não consigo imaginar uma reação daquelas. Não vou estender a coisa a todos os chineses, claro que não, já passei da fase, mas aqueles locais ali, aquilo é, no mínimo, um retrato das pessoas da área, de como aquela zona ali está cheia de gente que simplesmente ignora uma criança atingida daquela forma.


se você tem estômago


     Espero que, de alguma forma, esse país possa ter uma sorte cultural melhor pra seus habitantes, porque não dá pra se orgulhar de uma conduta dessas, sinceramente.