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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

um preto em Curitiba - 001



                Neste diário pigmentado, vou falar, agora, da primeira vez em que vi o encontro de dois veículos em um cruzamento: POW! Um encontro bombástico entre carro e moto. Eu, que nunca tinha visto nada do gênero, estaquei e me pus a olhar por vários minutos a cena, que ficou se repetindo na minha cabeça, em seu momento apoteótico. Olha, não estou dizendo que foi uma situação agradável, mas tudo tem seu ápice, seu momento mais intenso, certo? O desse encontro foi o corpo do motoqueiro descrevendo um arco perfeito no ar, digno do salto mais brilhante de Daiane dos Santos, e caindo sentado sobre o próprio veículo, já tombado no asfalto.
                Fragmentos de espelho, painel e pára-choque choveram ao redor. A frente do carro também perdeu seu aspecto indefectível. Uma porrada em cheio na lateral da moto, que por sorte não tinha uma perna plantada ali. É, parece que o cara tirou a perna antes do impacto, talvez, por isso, tenha voado tão alto, apoiado numa perna que ficou. Pessoas correndo até o local do acidente, o motorista saindo pra olhar a frente do carro e a vítima do impacto ali, sentado, com a expressão mais desolada que se pode conceber na cara, num momento como esse.
                O trânsito em Curitiba está completamente alterado pela Virada Cultura, que está acontecendo neste momento, enquanto escrevo. Pessoas indo e vindo por todas as ruas, em massa, neste dia de calor forte, que faz os sulistas desejarem violentamente o frio e a chuva, aos quais estão mais acostumados e dedicam grande parte de seu guarda-roupas. É visível o quanto o clima os deixa incomodados ou abatidos, insatisfeitos com a pele, salgada e úmida, cabelos, tudo aquilo cuja existência só torna mais quente o dia. Ao menos, esses corpos estão indo atrás de música, risadas, abraços e beijos, além de um geladíssimo gole de cerveja, neste grande palco que se tornou a capital paranaense.
                E agora, quando chega este post beira o final, dá pra acreditar que de um parágrafo a outro aconteceu toda uma revolução afro-descendente? Jair Rodrigues subiu no palco da Riachuelo e tocou o terror. Os clássicos do samba e da MPB, ali, na voz de um dos caras que representa com máximo respeito a voz e a cultura do brasileiro. Show energético, banda boa, baterista absurdo, galera animada e os amigos ao redor pra ter pra quem sorrir, pra ter de quem colher essa alegria fundamental pra vida. Só falta meus dois amores chegarem pra felicidade ficar incompletamente perfeita. Agora, a casa é só nossa. Minha cabeça já fervilha olhando esse pequeno espaço, pedindo peloamordedeus pra que alguém lhe dê alguma personalidade. É pra já, malandragem. Aguarde e confie.

música de fundo:  Djavan - Que foi my love

                                                      "quem sofre de véspera é peru"

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