Pesquisar este blog

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

maluco beleza


                Música, uma constante na vida deste ser contemporâneo que vos fala. Tem gente que  tem trilha sonora até pra fazer o churros, se bobear. Bom, estou eu ali, tranquilamente, ouvindo algumas canções, quando de repente o Sting começa a cantar "Every breath you take". Já viram a letra dessa parada? Cara, é o hino dos stalkers, dos obsessivos, da galera que já perdeu o bom senso pra completa adoração de uma figura humana.
               
             "Every breath you take, every move you make, every bond you break, every step you take", em todas essas situações, "I'll be watching you". E por aí vai, o cara vai descrevendo as situações em que ele estará lá, observando, até o verso definitivo: "oh, can't you see you belong to me?". Pois é, o cara não só é um perseguidor, como se acha dono, acredita ter a posse sobre o indivíduo. Ele delira, só vê o rosto dela, procura outras pessoas, mas está sempre a mesma lá.
                
                Uma outra característica bastante marcante da personalidade deste eu lírico é a autocrítica. "Now my poor heart aches, with every step you take". O "pobre coração dói" a "cada passo" que ela dá. Alguém tem dúvida que vai dar merda? E a faixa termina mais do que explícita, com a repetição, em fade away, das palavras, "I'll be watching you". Não tem pra onde correr, filhinha, foi mexer em casa de marimbondo, agora já era. "I'll be watching you".


                Por isso já dizia o poeta, "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", tipo assim, não é uma ordem, uma regra, uma imposição, é apenas como são as relações humanas. Tem que saber que dizer sim pra alguém pode ser mais que uma simples aventura, por isso é bom saber o terreno onde se está pisando. Quem não conhece vítimas de crimes passionais? Só esta semana ouvi umas quatro estórias.
                E "Love me or leave me", da Nina Simone, já deram uma sacada? Pura obsessão. Não, ela não quer ser feliz com outra pessoa. Ou o cara que ela ama fica com ela, ou ela não fica com mais ninguém, prefere ser sozinha que feliz com outro. "Love me or leave me and let me be lonely, you won't believe me, but I love you only. I rather be lonely than happy with somebody else". Pois é, tem isso também, ou o cara ama, ou vai sair fora, porque pra amigo ela não quer. Ou ama, ou a deixa em paz, o recado é bem direto.

                Uma das minhas preferidas, no quesito música de pirado, chama-se "Psycho". É um country que conta a estória de um jovem em uma conversa franca com sua mãe. "Can Mary fry some fish, mamma? I'm as hungry as can be. Oh, lord, how I wish, mamma, that you could keep the baby quiet, cos' my head is killing me". E a partir dessa pequena dor de cabeça, começam as confissões do rapaz. A mãe ouve a tudo sem nada dizer, o assassinato da ex-namorada e seu caso, o animalzinho de estimação, até o irmãozinho. E, ao fim da canção, ele nos deixa com a pergunta, mãe, por que você não se levanta?
               
                Jamais conseguiremos curar a loucura ou deter os impulsos dos homens e mulheres que virão por aí, no futuro, com motivações, visões de mundo, experiências particulares da realidade e os desejos. Viver é isso, é correr riscos, já que se divide a terra e as noites com outros, que não funcionam da mesma maneira. Existe algo melhor? Talvez, mas isso é papo pra outra conversa.

música de fundo: Talking Heads - Psycho Killer

                                                 "Fa Fa Fa Fa Fa Fa Fa Fa Fa Far Better"

Nenhum comentário: