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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Band on the run


Um Iago a todo instante, cuidado. Pois é, quando penso em Othello, penso na grandiosidade com que Shakespeare conseguiu tecer em palavras a carne tão nefasta do ciúme. Othello nem era mais o mesmo, ao fim, completamente fascinado pelas palavras e evidências de uma Circe viril e escamosa. O cara consegue fazer com que uma nova realidade se desenhe diante dos olhos do Mouro, que se entrega violentamente aos desígnios da honra. O corpo lutava contra, vê-se na grande interpretação que a personagem exige, graças ao poder dramático do autor. Othello é o palco onde se digladiam a sede por justiça e os apelos inequívocos do amor. Consumido pela loucura, filho obscuro da união de sentimentos irmãos, o guerreiro se lança ao encontro da morte de Desdêmona e da sua própria.

É preciso cultivar o desapego, sabe? Saber-se indivíduo, independente, solitário por natureza, já que é uma consciência única que anima um único corpo, sem chances conhecidas, até agora, de fazer tal experiência algo coletivo. Embora, ao que parece, LSD andou ajudando uma galera a sentir coisas próximas a isso. Enfim, de qualquer forma, acredito que são interpretações romantizadas de uma nebulosa química que explode no corpo e na mente. O fato é que você é um ser sozinho e deve respeitar a vida dos seres sozinhos que estão aí pra, se possível, construir uma experiência de coletividade. Essa experiência, no entanto, jamais deixa de ser uma união de seres sozinhos. Há que se lembrar disso, sempre. A individualidade é pra ser superada na convivência, que no seu mais alto grau, faz com que esta solidão inevitável se torne uma jornada maravilhosa. No entanto, há pessoas que fazem de tudo pra tornar esse caminho um inferno.

Isso me faz pensar em Paul McCartney.

Seja feliz fazendo alguém feliz. Esse é o grande desafio de viver.

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