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sábado, 6 de julho de 2013

a querência de um homem

queria plantar tomates no fundo de casa
mas moro num apartamento
por isso também não posso moldar o ferro
nem fazer enxadas
pra trabalhar o teto
plantar tratados espaciais de cabeça pra baixo
colher afetos de outros lugares do universo
porque moro num bloco fechado
porque o concreto absorve meu calor
porque parece que nos embalamos a vácuo
neste abraço apartado e sereno
amenizado pelo ventilador e pelos momentos
que passamos tentando plantar sementes
nas tigelas de cerâmica dos nossos avôs
que jamais foram flores em nossa janela
mas num lugar muito distante daqui

quero plantar tomates pra encurtar a distância
das ilusões do açúcar e da elegância
quero acabar com o concreto pra morar no mato
ou num abraço debaixo de uma só governança
aquela que vem quando o dia vai alto
e se tem quase certeza da imortalidade das coisas

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