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terça-feira, 8 de junho de 2010

o Pesadelo do meu Lado B


minha sombra teve um pesadelo
sobre dias inteiros sem um raio de sol
calada ficou, metida em si mesma
pensando o fim da claridade anunciada
imaginou toda a sorte de bobagens
possíveis a um ser sem luz própria
quis até se atirar ao fundo, acredite,
de uma lata velha de coca
ser o último gole de qualquer mendigo
que todo dia refaz o caminho
pra tirar uma espada da pedra
matar a fera no rasgo do escarro
no grito do filho sem nenhum incentivo
todos os rótulos aqui são válidos
mas o que importa é o corpo consumido
pela fome que carrega o espírito alucinado
fazendo papel de vítima no próprio texto
quando pode atuar como ator, platéia e riso
mas ainda ela aguarda, ainda ela espera
crendo que quando nascer o astro
e não falta tanto pra quem faz espetáculo
se ilumine um trecho
onde deve dar o próximo passo

mas qualquer coisa
— desconsidera ainda —
faço um caminho só nosso
com meus próprios dedos!

um pouco de sol se avizinha
calor de abraços sinceros
motivos borboletando pra todos os lados
colorindo segundos do ar entre gente
em tantas cores que sei lá
são tempos em que a alma caminha
livre e leve pelos corredores do templo
espalhando por aí o próprio contentamento
— os mesmos tempos em que a sombra
no primeiro domingo em ponto meio dia
sai pra espiar como é que vai a vida

mas qualquer coisa
— desconsidera ainda —
faço um céu com os dedos
onde aportem sonhos
e valsem todos os risos
e hajam espelhos diversos
com um reflexo nítido!


Um comentário:

Anônimo disse...

tem dias como hoje que eu saio a procurar algo pela internet... esse poema me prendeu. "Um pouco de sol se avizinha, calor de abraços sinceros" - bonito trecho.

Até mais,

Bruno kauss