Pesquisar este blog

sábado, 26 de janeiro de 2013

Fotografia: um mercado

Se você tem um evento e quer fotos dele, mas não quer pagar por aquilo que não vai consumir, então você me chama e eu faço as fotos. Depois que tiver o produto em mãos, então você paga por unidade. Um preço que leva em conta a sua e a minha realidade. 

POR QUE PAGAR POR FOTOS?

Porque nem todos estão envolvidos o suficiente com a fotografia pra passar um evento flagrando momentos legais pra se registrar. Tem um momento que todo convidado quer relaxar, quer se desligar da responsabilidade de estar incumbido de qualquer tarefa e curtir. O fotógrafo não tem esta vontade e está sempre atento aos possíveis flagrantes do belo.


O fotógrafo analisa o ambiente em busca dos melhores pontos pra fotografar as pessoas, objetos e atitudes tomadas sob diferentes luzes. É fundamental ter noção do espaço do evento pra se obter resultados além do satisfatório, que é o diferencial de um profissional do ramo.





Você decide. Se precisar, estamos às ordens. Manda um e-mail pra crozaca@gmail.com e a gente já começa a discutir o negócio. Fotografia profissional com mais do que nitidez, com um olhar particular.




Contatos:

(21) 82503762
ou
crozaca@gmail.com

domingo, 20 de janeiro de 2013

De Passagem

De volta ao português para estrangeiros. Finalmente, e claro, de volta às origens. Agora, a Bridge Brazil está sob nova direção e o ilustríssimo Fernando vem fazendo um bom trabalho. Até agora, tive apenas um significativo aluno, o simpático Erich Dietrich, que está, neste momento, retornando aos EUA. Tivemos uma boa conversa sobre educação e os problemas mais óbvios dos planos brasileiros pra sua so called education. Agora, também estou indo até as empresas. Que coisa. É muito diferente e tudo parece bastante rápido naquele ambiente arrumadíssimo, de pouquíssimas cores e muita organização. Senhor Blair. Nunca imaginei que daria aula a um Blair. Nunca se sabe.

Além disso, começo a investir na fotografia, enquanto preparo um pequeno roteiro pra mostrar por aí.




sábado, 29 de dezembro de 2012

McCartney e a obra de Valmiki

O que tem a ver, Paul McCartney e o poeta da Ramayana?


Hanuman conduzindo Rama e Lakshmana


"How many deaths will it take till he knows
That too many people have died?
The answer, my friend, is blowing in the wind
The answer is blowing in the wind"


- Blowing in the wind

Não se deixe enganar pelo animalzinho na capa do álbum, porque "Ram" é, em verdade, uma obra inspirada no épico indiano Ramayana

COMO ASSIM, CARA? TÁ VIAJANDO!

Eu não espero que só aquele trechinho te convença, embora ali a gente já veja a semente da espiritualidade na lírica do álbum. Que tal falarmos de Hey Diddle?

"Ah, don't be long
My heart isn't strong
Don't be long

Ah, never fear
The next time around
She'll be here

Hey, Diddle, I want you back
Diddle, I want you back
Hey, Diddle, I want you back"


A chave do entendimento está em "Diddle", que no antigo inglês fazia referência a "trapaceiro". Mas que diabos significaria isso? Para quem não conhece a estória de Rama, parece uma referência vaga, mas sabendo que Sita foi sequestrada por Raavana e tirada das mãos de Rama e Lakshmana, os irmãos por parte de pai, filhos de Kausalya e Sumitra, mulheres do rei Dasaratha, você entende que o trecho acima é uma conversa entre os irmãos. Rama está inconsolável e Lakshmana diz a ele que logo ela estará de volta. "Trapaceira", então, é Sita, que lhe abandonou, que o deixou naquela saudade.

Em "The great cock and the Seagull race", temos uma instrumental que, na minha opinião está fazendo referência a batalha entre os Vanara, liderados por Hanuman e o rei Sagriva, contra os Rakshasas, raça de demônios liderada por Raavana, a quem Brahma havia dado imunidade contra os seres celestiais. Por isso, apenas um homem poderia destruí-lo e este era Vishnu encarnado, ou Rama, que sai vitorioso.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Viver é uma ópera para malandros


O teatro não é só uma grande descoberta da potencialidade humana, mas o reflexo de um sistema vital. Viver é um espetáculo. Quem é você, se não um aglomerado de funções biológicas, cuja mente, pela educação e experiência, reconhece uma personalidade? E no que isso é diferente de uma laranja, um porco? Entenda, eu não estou falando sobre especialidades. Muito menos, se pensarmos na comparação, deve se ter como referência os próprios valores. Para o mundo, quero dizer, para esta realidade universal, qual a diferença entre o bebê, o filhote e o fruto verde que dá no pé? A diferença entre eles é você.

Viver é um espetáculo, na medida em que se percebe a grande página em branco que é a existência. Não é um nada, veja bem, é um branco. Não quer dizer que todo significado se dissolve nela, ao contrário, os porquês são os filhos, os filhotes, os frutos de cada mortal que se apresenta. Você é um papel social e seus limites estão de acordo com a criatividade com que observa e se relaciona com a personagem. O grande conselho dos mestres é: não se identifique, aja sem que lhe seja.

Sua estória é um papel existencial, neste espetáculo cósmico e irrefreável. Conquiste, todos os dias, a grandeza de Ser.


Deus é aquilo que sobrejaz.



quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O que Realmente aconteceu com o Diabo

Acontece que Miguel estava sentado sob o Pico da  Estrela, quando Deus lhe acudiu em pensamento.

- Que tens?
- Lucibel não deixa o Palácio do Sol por nada. Quer apenas contemplar o Criador.
- Então, tu sabes bem a tua conduta. Parte, imediatamente.

O arcanjo chegou à presença do primeiro anjo.

- Eu, sinceramente, desconheço motivos pra tamanha ausência. O que há lá fora que tanto te detém?
- Você está ausente do juizo perfeito. O que aconteceu?
- Nada. Por que eu deveria dar atenção a tamanha grosseria? Eles me enojam. Você não percebe? Nada se compara ao sublime poder do Criador.

Miguel sabia que Lucibel estava apaixonado pela sutileza da expressão divina, que nos reinos superiores se manifestava com uma beleza incomparável. Mas Miguel sabia que deus habitava todas as coisas, das mais grosseiras às mais sutis e, em seu coração não havia diferença.

- Deixe o Palácio do Sol, imediatamente. Tua sentença é viver entre os homens. Até que aprendas a reconhecer a santidade de toda a Criação, tu não és bem-vindo à Casa do Senhor, pois tem sido ela o teu Ópio. Vade retro!

E dizem que a queda fez o corpo de Lúcifer se partir em milhares de sementes, que até hoje dão origem a pessoas religiosas, aquelas que são incapazes de ver a Deus na vida e se voltam para a idolatria da sutileza divina. 


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Poesia de Goa - R.V. Pandit

Raghunath Vishnu Pandit é poeta nascido em Goa, cidade do litoral oeste indiano, que teve uma considerável produção em língua portuguesa após o processo de libertação da região. Sua poesia tem os signos e os símbolos da liberdade, alicerçados na moral que recebeu como educação e como fruto de uma cidadania inquieta. Pandit, em sua lírica, manifesta dois lados de uma mesma unidade: o revolucionário e o conservador.



Faz revolução, quando erige poemas como "A Chuva", de 1962, em que expressa objetivamente os infortúnios de estar sob o julgo de "demônios" executores de dívidas seculares, coletores da riqueza alheia, semeadores da tristeza e desgraça. Imbuído deste sentimento, o eu-lírico convida a chuva para com ele chorar seus lamentos, numa belíssima imagem de desfecho. Este mesmo solo fértil é que vai dar nutrientes para fazer florir poemas tardios, como "Cada gota do teu sangue", de 1968, em que os ideais de liberdade são exortados com palavras de amor e coragem. Mais do que viver, é preciso navegar.
Pandit não se restringe à liberdade diante das amarras institucionais, mas vai até as prisões culturais mais tradicionais. O poema de 1963, intitulado "Casa, Minha Casa!", versa a respeito do homem que se deslumbra por sua gaiola. Diferente do papagaio, que ao encontrar a porta aberta voa para a liberdade sem pensar na vida encarcerado, o homem que Pandit retrata está irremediavelmente enfeitiçado por seu cativeiro. Maya.

Mas, o homem...
Desde que nasceu
Até a morte,
Gira somente
Dentro das quatro paredes
Da sua gaiola
Palrando
“Casa... minha casa...”
 

 
Liberdade Alada em Bangalore

O elemento alado é um símbolo recorrente na poesia de R.V. Pandit. Em "O Inverno", poema datado de 1969, Pandit deifica a estação e a transforma numa figura voadora, que cruza o céu na faísca, semeando o sustento para o homem do campo. Novamente, as chuvas. Em seus versos, no entanto, este sustento nunca se mostra como uma variedade de produtos da terra, ao contrário, o lirismo do poeta goense expressa a humildade na colheita e no consumo. Os signos nos remetem ao arroz e à palha, ao básico. Em "Um Desastre", de 1969, sua postura contra os exageros da fartura se expressam na construção de uma personagem gorda e inútil, que ao morrer revela o desperdício na evocação de tudo que poderia ter sido feito a tantos, mas que se perdeu naquela unidade autocentrada. Ao fim, proclama, consciente da ligação que tem com a alteridade.

"Morreu um homem, sim?
Realmente?
Pois é um grande desastre
Morreu um homem?
Pois parece-me
Ele deve ser eu mesmo!"
 
Esta poesia, que canta a liberdade, que faz alarde sobre a exploração e também enaltece a simplicidade do trabalhador, coloca-se ferozmente contra os grilhões da riqueza e da dependencia, mais precisamente, do álcool. Em "À espera de Rama", de 1967, o poeta faz a correspondência entre a perda do valor moral devido ao desejo de enriquecimento nas minas de Goa, como a mesma decadência que vitimou Ahiliá a se tornar uma estátua de pedra. A mulher, que cedera aos caprichos de Indra, foi amaldiçoada por seu marido, um santo, a permanecer neste estado até que Rama viesse a seu encontro e, com sua presença redentora, a salvasse.   

Homens, que anos atrás,
Eram de oiro
Hoje estão feitos pedras
Como a Ahiliá
À espera de Rama!


Em "A Virtude Peregrina", de 1963, "Mar de Embriaguez", de 65,  e "Vinho", poema de 1968, Pandit declara uma recorrente visão a respeito da bebida. No primeiro, ainda no início da década de 60, a personagem é a Virtude e esta se perde do caminho a Deus por se fiar na companhia do Vício, interessado somente nos deleites do corpo. No poema seguinte, a perda da humanidade é o resultado obtido pela incursão nas garrafas. No terceiro poema, delata a cultura de oferecer bebida a crianças que ainda nem tem o sizo. O juízo, portanto, torna-se alcoólico e, feito um dente impassível, volta-se contra o indivíduo e o devora. 

Esses dentes
São de sizo alcoólico
Que trituram
A eles próprios... 

 
A poesia de Pandit tem raízes profundas na cultura oriental do equilíbrio, da simplicidade e do desapego. A vida como passagem é festejada em sua exultante brevidade, mediante valores que pintam um homem sem clausuras, sem tormento e medo.