O suposto grande ex-presidente da República leva, para o coração do Estado operário, o não menos grande José Sarney, homem cuja reputação chega dias antes do próprio. O que se pode falar além? Não sei se uma imagem vale mais que mil palavras, mas essa daí, com certeza, diz muito.
E enquanto isso, o teatrinho vai se desdobrando aos olhos do povo, que por sua vez, tá é louco pra participar, quer saber de acabar com nada, não, de deter, de proibir, de reivindicar. O que importa é fazer parte da festa, qualquer que seja, mesmo que sendo o bobão, aquele que quando vira as costas se torna a piada ambulante. Vai Zé Povão, batendo palma pra quem te açoita.
ô gente mentalmente preguiçosa...
Pesquisar este blog
sábado, 1 de janeiro de 2011
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
filme triste
hoje, nenhuma poesia satisfaz.
os castelos estão ruindo.
as fadas sem asas estão indo embora.
não há magia suficiente.
enquanto isso, as pessoas seguem rindo.
talvez seja o mar,
talvez o novo ano que se aproxima.
explicações e rimas.
a poesia fede, condena, espalha.
hoje, ficarei reunido.
uma única lágrima embala o barco,
furado
fundido
sem vela
sem remo
sem rima
num canto do quarto
sozinhando
pro fundo.
os castelos estão ruindo.
as fadas sem asas estão indo embora.
não há magia suficiente.
enquanto isso, as pessoas seguem rindo.
talvez seja o mar,
talvez o novo ano que se aproxima.
explicações e rimas.
a poesia fede, condena, espalha.
hoje, ficarei reunido.
uma única lágrima embala o barco,
furado
fundido
sem vela
sem remo
sem rima
num canto do quarto
sozinhando
pro fundo.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Prateleira Gay
Hoje, na locadora, fui devolver o "Whatever works", com o Larry David. Sabe? Não? Aquele que ajudou o Seinfeld a roteirizar o famoso seriado e também o protagonista da série "Curb your enthusiasm". Bem engraçado, cara, com boas tiradas, além de uma interpretação legal da Evan Rachel Wood, aquela menina do "Thirteen", saca? Claro que sim, tenho certeza que você já viu. Duas meninas, aquela vontade de dar umazinha, revolta, uma mãe e seu namorado problemático, um beijinho entre as duas, enfim, o estereótipo da adolescência americana.
Enfim, fui lá devolver o filme, acabei pegando "An Education", com Peter Sarsgaard. Mas não é esse o assunto. Caralho, fico divagando, dando voltas, até dropar no ponto latente: uma prateleira gay. Sim, os filmes, de vários gêneros, inclusive seriados, estava destacados de suas prateleiras originais para compor a prateleira GLBT. The L World, Boys Dont Cry, entre outros, ali, fazendo parte de um grupo de filmes que estão separados por abordar o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo.
Isso é um pouco estranho. É uma categoria temática, quero dizer, vamos passar a separar filmes assim? Filmes de usuários de droga, filmes com elenco de maior parte negra, filmes que falam inglês arcaico, filmes em que aparecem pessoas mancas... Sinceramente, não acho uma boa ideia.
Enfim, fui lá devolver o filme, acabei pegando "An Education", com Peter Sarsgaard. Mas não é esse o assunto. Caralho, fico divagando, dando voltas, até dropar no ponto latente: uma prateleira gay. Sim, os filmes, de vários gêneros, inclusive seriados, estava destacados de suas prateleiras originais para compor a prateleira GLBT. The L World, Boys Dont Cry, entre outros, ali, fazendo parte de um grupo de filmes que estão separados por abordar o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo.
Isso é um pouco estranho. É uma categoria temática, quero dizer, vamos passar a separar filmes assim? Filmes de usuários de droga, filmes com elenco de maior parte negra, filmes que falam inglês arcaico, filmes em que aparecem pessoas mancas... Sinceramente, não acho uma boa ideia.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
M e d í o c r e
Ninguém ensina a outro que a vida é o lugar dos prazeres. É preciso que se descubra isso no palco. Sob a égide do tempo, submissos à sua vontade, seres mortais que somos, nosso gesto ganha um valor alto. Que tem cada ser humano, senão, em média, setenta anos para fazer alguma coisa? Sim, o verbo é este, fazer, construir, a característica natural que se tornou base para a expressão do pensamento religioso, a inclinação de tudo aquilo que é vivo para construir o mundo ao seu redor, desde plantas e esquilos até gente.
O que me parece ter acontecido foi, de fato, uma interrupção no processo natural das coisas, por parte do dito "progresso", e a assimilação de um status mental que faz do homem o único ser capaz de ser iludido por si mesmo, definhar por conta de autosugestão e se perder nos labirintos da própria fantasia. Quando Jodorowsky diz, "we must break the ilusion", ele não fala apenas de que aquilo é um filme e deve ser visto assim, ele enuncia uma lição que vale para todos os momentos de sua vida social.
Economia, política, arte, é tudo criação de sistema, cuja qualidade está baseada na eleição parcial de características deste, orientada por uma convenção de especialistas, e que se torna tradição escrita, código. Isso significa que a brincadeira tem começo, recomeços, meios e fins, podendo ser interrompida para reorganização. Não existe lógica na máxima, "a vida é assim", ou em, "É assim que as coisas são, é como sempre foram". São sentenças cheias de covardia e comodismo. É a derrota do mamífero, empoleirado como uma galinha velha, aceitando a morte da maneira menos prazeirosa possível. Um absurdo.
E onde se expressa tal aceitação do medíocre, onde é que se vê tamanho comodismo em relação ao que é pífio, senão nas artes? O maldito conseguiu: o poeta foi expulso da República, e em seu lugar ficaram os bobos das cortes, fazendo jornalismo humorístico, teatro do imbecil, cinema de babaca e musiquinha vagabunda. Toda comunicação fica nivelada por baixo. A intenção comunicativa é dominada pela orientação financeira, com seus vários braços que a publicidade funda pra disseminar. O culto à personalidade ganha vulto na coisificação de uma pessoa e sua associação imediata a produtos, ao consumo como forma de se relacionar com os outros e o objeto de desejo, sempre inatingível, claro. E o pior, tal construção gera de fato a ilusão e, esta, traz a felicidade momentânea. O estímulo. O prazer intenso que se obtém somente neste sistema... e que passa... e volta, com tudo.
Atuação. Os filmes são fracos, em grande maioria. Quem já viu Marlon Brando, Peter Sellers, Gunnar Björnstrand, Paulo Aultran, Bruno Ganz, por exemplo, e pensa as características da atuação desses caras, sabe que esses atores de Hollywood, de Brad Pitt a Jackie Chan, estão aquém, além apenas no tempo, talvez, por isso, tão "culpados". O tempo nada lhes deu, apenas fez de suas vidas um mar de rosas. Quem viu atuar Liv Ullman não pode se satisfazer com Jennifer Aninston, Angelina Jolie, e essas atrizes meia-boca do cinema internacional, pra não falar das porcarias tupiniquins. Uma das maiores injustiças brasileiras é se enaltecer Fernanda Montenegro ao ponto de dizer que Central do Brasil merecia o Oscar, o que é inconcebível, e mais, que está em patamar acima de Marília Pêra, sendo esta, sim, muito melhor atriz, capaz de transformações físicas e psicológicas muito mais marcantes que a mãe da Fernanda Torres, pelamor de deus.
Confunde-se atuação com intensidade. Quem disse que atuar é fazer cara feia e levantar a voz? Quem disse que atuar bem é reunir tudo que é característico em si e interpretar um papel leviano, sem desafios? O que torna, sinceramente, digno do rótulo de ator um cara como Cauã Reymond, ou algo assim, o quê? Que faz ele além de gritar, fazer pose, tentar ser natural diante da câmera e interpretar tipinhos que qualquer idiota com internet discada na cabeça faria? O drogado que se contorce na cama. O drogado que deixa os olhos cheio d'água e pega o pai pelo colarinho, fala entredentes, quase cuspindo, o rosto vermelho, sai batendo a porta. "Ah, que cena incrível. Como se sente agora que ganhou o prêmio de destaque da novela?". Quantas vezes você fez isso com seu irmão, percebendo o que estava fazendo, mas ainda assim mantendo a fúria, a pose, o gesto? Não poderia repetí-lo? Acha mesmo, você, que está em casa vendo esta grande porcaria, que com um trabalho de poucos meses não faria o mesmo?
O problema é justamente esse. Tentamos ignorar o fato de que o que se faz não é nada especial. Luan Santana? Fiuk? Por favor, né, saiam de casa, vão a shows em lugares populares e vejam bandas excelentes, com a sonoridade incrível. E não estou falando de bandas indigestas, não, estou falando de pop mesmo. Só que as pessoas conseguem mobilizar fãs, os fãs criam redes sociais, ao vivo e online, e isso se torna o grande estímulo para que a pop art de merda que é feita hoje seja autosuficiente. Basta adicionar o material humano, as redes sociais, os dispositivos, já estão criados e funcionam vinte quatro horas.
É preciso desconectar, reprogramar e reconectar os dispositivos. Só assim vai haver mudança. A saga pelo cérebro robô, tão americana, é o objetivo do revolucionário. Quem quer mudar não quer explodir, não quer destruir ou tumultuar, precisa achar um jeito, obter os cartões e as senhas, os códigos, atravessar as portas, seguir pelos corredores no grande labirinto que conduz ao cérebro. Lá reprogramar o computador para que a sociedade se oriente por novas diretrizes, por um jogo mais honesto, transparente. A dependência messiânica deve dar lugar ao planejamento calculado, à organização, ao diálogo e à reflexão sobre como estão construindo aquilo que se chama de real, que está no cotidiano, e que engolimos sob o nome de grande arte.
domingo, 31 de outubro de 2010
Nacarados
tua cara tem literaturas
de muita língua morta
— um passado remoto
de fantasias n u a s
meu dialeto moderno
de alfabeto gana
derrama —
consoante chamas um
GOLPE DE ESTADO
— chicote no lábio
in flama
ção
A
dois co
m Ad
juv
e antes
agora
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO NÃO
NÃO NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
domingo, 24 de outubro de 2010
telefones e tecnologias
Quando o celular era só um instrumento de comunicação entre duas pessoas, para ligações rápidas, ou no máximo um lugar pra se brincar com joguinhos, a coisa era melhor pros meus ouvidos, vou ser bem sincero. Tudo bem que uma ou outra criança idiota colocava os joguinhos com volume, mas nada que os pais não dessem conta. Aquele som irritava qualquer pessoa, a longo prazo, por isso ninguém aturava muito.
Atualmente, a popularização dos celulares e das tecnologia de "viva-voz" tornou tudo
E por quê? Simples,
nego não tem noção de que PROIBIÇÃO não é necessário quando se tem BOM SENSO. Num ônibus, na noitada, nem me incomodo, porque o horário, o dia, o clima é pra quem está saindo, beleza, agora, às nove de uma segunda-feira, no vagão do metrô? Dentro de uma van, um espaço mínimo daqueles, numa tarde qualquer? Dentro do ônibus, quando se está voltando do trabalho, em plena semana de ralação? E agora tem gente que leva minitelevisão e NÃO USA FONE.
São todos uns estúpidos, que quando topam com um três por quanto da favela do ferro quente, e ouvem um singelo "baixa essa porra", ou então quando encontram um Cabo Pontes de Melo, e tomam logo aquela chamada violenta, aí colocam o rabo entre as pernas e ainda pedem desculpas. Na violência, tudo se resolve, aqui no Brasil, porque o povão não consegue administrar uma consciência social mais organizada, feita do equilíbrio de privações e liberdades que o próprio sujeito deve se impor para que a convivência seja um acontecimento fortuito.
Mas quem é que liga pra isso? Nego quer mais é "botá moral". USEM OS MALDITOS FONES DE OUVIDO SEUS BÁRBAROS CONCRETOS.
![]() | ||
veja como o processo é simples |
Basta levar o fone ao ouvido e pressionar levemente o aparelho contra a cavidade que recebe com facilidade a incumbência de suportar o peso, pela anatomia do próprio dispositivo, deixando você livre pra ouvir música sem incomodar as pessoas ao seu redor.
Aos falantes de celular, os que fazem conferências nos metrôs, aos berros, fica a dica de manter o volume da voz num padrão razoável. Tudo bem, a vida é assim, demanda que você se dedique, mas ninguém tem que ser agredido por decibéis bizarros da sua voz. Já bastam alguns chineses que entram tagarelando em celulares, na língua cheia de vogais, uma coisa que ao pé do ouvido pode ser uma angústia.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Manifesto Mendes 01
Gostaria de manifestar uma curiosidade, não uma revolta, mas certamente uma dúvida, quanto a uma notícia que li na Folha de São Paulo, para quem também endereço esta correspondência. Queria saber se realmente a senhora Ilzamar mobilizou os acreanos em prol da campanha de José Serra usando o nome de Chico Mendes, deixando de lado, ao que parece, um juízo fortuito da decisão que tomaria Francisco Alves Mendes Filho. Ou então, é possível, trata-se de outro Chico Mendes, e o que desejo é falar sobre aquele que conheci.
Infelizmente, não estive com ele pessoalmente, mas não importa, a intimidade de Francisco não é assunto de ninguém, o importante é falado por seus atos. Torna-se líder sindical em 75, quando a ditadura fartava-se do apogeu. Comprou briga com empresas que promoviam o desmatamento da floresta amazônica para lucrar sem limites. Coordenou a greve dos seringueiros que usaram o próprio corpo como forma de conter as máquinas. Era um agitador político que via na exploração do homem e da terra uma ameaça ao bem-estar.
Muito mais fez Chico Mendes, que levou o povo para dentro da fortaleza política, transformando câmara em foro, levando debate, luz, pra onde impera a penumbra facilitadora. Obteve ameaçadas de morte, mas ainda assim seguiu, foi um dos fundadores do PT, estava com Lula na década de 80, mas não está mais, nem estaria, porque não parecia o tipo que gozaria da riqueza de banqueiros e empresários enquanto gente ainda morre de diarréia.
Foi assassinado nos fundos de sua casa, e o estopim foi a grande ação que lhe rendeu reconhecimento e premiação internacional, ainda que não tenha rendido proteção, por ter denunciado ao Senado dos Estados Unidos a utilização de investimentos do BID por empresas que promoviam intenso desmatamento e nenhum desenvolvimento. O banco cortou os fundos imediatamente e isso enfureceu os interessados na exploração dos homens e das matas.
Portanto, o Chico que conheço morreu por não ter escolhido lados, por não fazer concessões, por não ser aliado de explorador e de gente que finge não ter consciência de que desenvolvimento não existe sem bem-estar social, senão não é progresso, é ingresso, morreu por acreditar que o povo deve defender seus direitos com a própria vida, e que me desculpem os que dizem conhecê-lo melhor que eu, este Chico Mendes jamais apoiaria o tucano José Serra.
Assinar:
Postagens (Atom)