A musa da música pira o cabeção e faz o pandemônio na cidade. Abre o hospício, tranca a delegacia, explode carros, pára o tráfego e ainda ri na cara da galera. A carnavalização, da qual nos fala Bakhtin, é justamente essa quebra das regras, das hierarquias, de tudo que promove a harmonia social cotidiana. É uma celebração ao prazer e ao momento, aquilo que se apreende no instante da experiência, sem pensar que um futuro virá. A diferença é que no carnaval, a certeza do retorno é grande, mas em Melancholia, a coisa é mais intensa.
O fim, aquilo que é breve, o espaço da destruição, é elevado ao quadrado na obra de Lars, porque ao contrário do carnaval, não haverá um novo recomeço pra sua musa desesperada. É uma crítica linda aos alicerces da razão, baseados em todas as convenções sociais, completamente alheios ao fim, anunciado ou não, iminente, porque estamos todos à mercê do caos universal. A irmã centrada, que tinha todas as certezas e projetos, é a que se desespera e quase perde o controle. Aquela que não tem vínculos, que vive intensamente seus momentos, que não parece ter qualquer vontade de futuro, é a que traz o conforto diante do final irrevogável.
É uma roleta-russa. O próximo pode ser você.
"IT'S THE END OF THE WORLD AS WE KNOW IT
AND I FEEL FINE!"
- R.E.M.
E você, meu amigo, o que você faria?
Compras? Mataria seus inimigos? Daria uma festa pra eles? Agarraria todas as mulheres pelo caminho ou se mandaria pro fim de uma floresta, pra esperar a morte com os índios? O QUE VOCÊ FARIA?
Nenhum comentário:
Postar um comentário