o mau gosto e o dinheirinho fazem um brinde
O Brasil, desde sempre, importa os formatos pra seus programas da televisão internacional. No cinema, o tal "E se fosse você" é uma prova cabal disso. O roteiro mais batido do universo, nos filmes estadunidenses, agora adaptado pra uma realidade brasileira. Uau, que grande merda. Ouvi uma coisa maravilhosa, certa vez, a respeito do assunto. Uma menina disse, numa mesa pouco afastada da minha (sim, eu ouço o que as pessoas dizem): ah, o cinema do Brasil tá muito melhor, antes eu sabia quando era filme brasileiro antes de começar, só pela imagem e a abertura.
Exatamente, queridíssima desconhecida, estamos perdendo o pouco de identidade e, ao invés de criarmos outra que nos distingua, estamos abraçando de vez o incrível hollywoodismo, sim, ismo porque é doença social, carência de diversidade. E o que gera a diversidade, em contrapartida a mesmice? Movimento. O diverso gera em você um movimento interno, diferente da mesmice, que é uma paz, onde as coisas se deitam.
Voltando pras Mulheres Ricas, é preciso ter estômago pra ver essa porcaria da Rede Bandeirantes. Que coisa chinfrim e de baixíssimo calão. De maneira alguma, aquelas mulheres ali representam a riqueza, mas, sim, são ricas. Cris Rock fala sobre isso em um de seus stand-ups, acho que é no "Never Scared", mas pode ser no "Bring the pain": existe uma grande diferença entre os ricos, que em inglês é marcada no léxico, a diferença entre rich e wealthy. Um é o que ganhou grana, o outro é o que a tem de berço. Você pode dizer que uma ou outra ali tem riqueza de berço, sim, mas percebe-se claramente que a riqueza adquirida jamais tornou-se uma base, sempre ficou como horizonte, de forma que as atitudes não a diferem de uma simples rich bitch.
São as gafes e as citações mais idiotas da face da terra, além do roteiro forçosamente estúpido, já que se tenta adaptar algo que, na realidade brasileira, não tem o menor cabimento. Preços são citados o tempo todo, pra jogar na cara do povão a sua imensa distância daquilo. Por quês são totalmente ignorados, porque o que vale é a piada, não o amigo. Uma das babacas imita um bordão criado pra uma das novelas da Globo e aparece o tempo todo com uma taça de champanhe na mão. É o estereótipo mais medíocre de ser humano, uma loira de conhecimentos rasos, de beleza lactopurgal, de humor patético e talento zero pra dizer qualquer coisa que preste. Não que as outras possam, mas esta, em especial, é a representante da escassez de massa encefálica.
Eu imagino que deve ter um propósito cômico, mas fica aí pra Band uma dica: não dê moral pra qualquer bosta, seleciona mais o público, porque a história da televisão brasileira está correndo e as pessoas estão ficando menos idiotas com o tempo. No futuro, um monte de bosta como esse que vocês andam bancando vai pesar mal no currículo.
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