Tchau, Rio de Janeiro. Olá, Curitiba.
Com um diploma, alguma experiência, muita se de empirismo e uns trocados no bolso, digo adeus ao Rio de Janeiro. Claro que eu volto, a família tá aqui, não tem como abandonar. Mas o logradouro muda, as amizades balançam, novos laços são criados e é isso, Curitiba, no Paraná, é meu grande passo.
E o por quê?
Então, uma série de fatores me levou a conhecer Curitiba, dentre eles o festival Psicodália, realizado em Rio Negrinho há duas edições. Foi a capital do Paraná o lugar escolhido como entreposto entre a cidade natal e o destino de férias. Na primeira vez, pouco vi, mas nas outras viagens pude conhecer um pouco mais do lugar e das pessoas, e tem sido assim desde então.
A cidade entrou em conformes com algumas coisa que eu já tinha plantado aqui dentro e, em relação ao RJ, elenca-se os fatos:
- mais organizada
- mais limpa
- menos populosa
- mais comprometida
- menos custosa
É claro que os contras são vários, mas isso não é o fator determinante, não tanto quanto a natureza das qualidades citadas. Sinto-me mais próximo de um ambiente que acredito ser mais o que eu estou a fim de participar, não sei amanhã, porque minha paixão por sol e mar é infinita e o nordeste sempre me sorriu todo prosa, mas neste momento é com essa galera que o jogo parece interessante.
Cansei do jeitinho carioca, do "na hora a gente resolve". Cansei do "foda-se" que um diz pro outro, diariamente, da falta de bom senso e educação no trato com as pessoas. Um lugar onde as pessoas não se organizam pra fazer um convívio interessante, parecem não sentir prazer na comunhão, ao contrário, afirmam e reafirmam sua individualidade de uma tal forma que só podia resultar no fracasso da vida em sociedade. Violência, corrupção, do mais pobre ao mais rico, negligência.
Não acho que o Paraná vai ser um mar de rosas. Sei que em terras estrangeiras um forasteiro é sempre um forasteiro, um estranho no ninho. Acontece que aposto no amor que os curitibanos têm por Curitiba, ao aderirem a uma convivência mais pacífica, ainda que frágil, como qualquer outra, a um senso de ordem e organização para manter a cidade limpa e funcionando, para fazer parte da construção deste espaço. Os cariocas, em maioria, usam o Rio de Janeiro, e é por isso que não se importam com o lixo, com as praias, com os bens públicos, com a vida dos seus vizinhos e como cada um está relacionado a muitos outros por sua existência social. Não existe "Eu", quando se pensa em consequências. Todo gesto tomado por qualquer indivíduo atinge o "Nós".
É com essa visão que deixo meus velhos, que arrasto minhas coisas e me atiro na vida pra tentar algo que vai me tornar muito mais feliz comigo, a construção do sonho na vida. E aos que me falam em medo, eu lhes digo, já passou este tempo. Abracei o medo logo que olhei pra fora da janela e tive meu primeiro pensamento de horror ao que pode acontecer. Desde então, vivemos uma relação íntima, onde aos poucos começo a fazer trajetória.
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